Pesquisa mostra que entre 3 mil entrevistados, 21% relataram ter deixado de vacinar devido à informações negativas em redes sociais
A desinformação sobre vacinas coloca em risco a saúde de crianças e adultos, conforme revela uma pesquisa recente do Conselho do Ministério Público, em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) e a Universidade Santo Amaro (Unisa). O levantamento, realizado entre janeiro e fevereiro deste ano, mostrou que 21% dos 3 mil entrevistados em todas as regiões do país deixaram de se vacinar ou de vacinar seus filhos após terem sido expostos a informações negativas sobre imunizantes em redes sociais ou no WhatsApp. Além disso, 27% dos entrevistados admitiram sentir medo de vacinas, enquanto 19% as consideram pouco ou nada seguras.
Para a enfermeira especialista em vacinação da Clínica Vacinne, Elisa Lino, essa hesitação em relação à vacinação é preocupante, especialmente quando se considera que a maioria dos brasileiros confia nas vacinas e reconhece sua importância para a saúde pública. “É fundamental que as pessoas entendam que as vacinas passam por rigorosos testes de segurança e eficácia antes de serem disponibilizadas ao público. Os efeitos colaterais graves são extremamente raros e os benefícios da vacinação superam em muito os riscos”, afirma.
Responsabilidade social
Elisa explica que a hesitação vacinal não afeta apenas os indivíduos que escolhem não se vacinar, mas também toda a comunidade. “A imunização é uma ferramenta fundamental para a erradicação de doenças e para a proteção das populações mais vulneráveis, como as crianças, idosos e grupos de risco. Quando a cobertura vacinal diminui, aumentam os riscos de surtos de doenças que poderiam ser evitadas, sendo um problema de saúde que afeta toda a população”, comenta.
A queda no número de vacinação é preocupante e tem ajudado na disseminação de doenças que já estavam sob controle, como é o caso da coqueluche, que segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), teve aumento de de 500% no Paraná entre janeiro e a primeira quinzena de junho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. “A vacinação é a nossa melhor defesa contra a coqueluche e outras doenças infecciosas. A vacina protege não apenas o indivíduo, mas também garante uma proteção coletiva e ajuda a combater a transmissão. Além disso, quando há um número expressivo de pessoas vacinadas, o vírus encontra dificuldades para circular. Por isso, é fundamental buscar informações corretas e se imunizar conforme o calendário vacinal. A vacinação salva vidas. É uma responsabilidade de todos garantir que as informações corretas prevaleçam e que todos tenham acesso à proteção que as vacinas oferecem”, afirma Elisa.
Dicas para combater notícias falsas sobre a vacinação
- Busque fontes confiáveis
É fundamental consultar as fontes oficiais de saúde, como o Ministério da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIM). Além disso, é importante buscar informações em centros de pesquisa reconhecidos, que oferecem estudos e dados comprovados. Outra fonte confiável são os profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros, que podem fornecer informações precisas e atualizadas sobre vacinas.
2 – Utilize as redes sociais com responsabilidade
Ao utilizar as redes sociais, é fundamental fazê-lo com responsabilidade em relação às informações sobre vacinas. Para isso, é essencial compartilhar apenas conteúdo verificado e fontes confiáveis. Além disso, denuncie as fake news, utilizando as ferramentas das plataformas sociais para denunciar conteúdos falsos ou enganosos sobre vacinas. Ao fazer isso, você estará contribuindo para a disseminação de informações precisas e ajudando a prevenir a propagação de fake news que podem causar confusão e danos à saúde pública.
3 – Promova diálogos abertos
Para promover a conscientização e a educação sobre vacinas, é fundamental promover diálogos abertos e construtivos. Isso pode ser feito por meio de conversas construtivas, estando aberto a discutir dúvidas e preocupações sobre vacinas com amigos e familiares de maneira respeitosa e informada, fornecendo informações precisas e atualizadas. Além disso, compartilhe experiências positivas sobre vacinação, demonstrando os benefícios reais e a segurança das vacinas, o que pode ajudar a inspirar confiança e persuadir os outros a se vacinarem.
4 – Mantenha-se atualizado
Acompanhe as novidades e atualizações sobre vacinas e saúde pública através de fontes confiáveis e profissionais de saúde.
5 – Incentive a consulta com profissionais de saúde
Incentive amigos e familiares a consultarem seus médicos para obterem informações corretas e atualizadas sobre vacinas e sempre que possível, reforce a mensagem de que a vacinação é uma prática segura e eficaz para prevenir doenças graves.