Geração “nem nem” e os desafios para uma boa colocação no mercado de trabalho

Brasil lidera ranking da América Latina com 20,6% de jovens que nem trabalha e nem estuda

O termo “geração nem nem”, comumente utilizado para se referir a um grupo de jovens entre 18 e 24 anos que não estudam nem trabalham, tem ganhado cada vez mais visibilidade no Brasil, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que indicam que o país lidera o ranking na América do Sul, com 20,6% de jovens nessa condição. O número supera a média global de 20,4% e países como Chile (15,3%), Argentina (15%) e Bolívia (9,5%), numa soma que corresponde a cerca de 10 milhões de jovens brasileiros(as) que enfrentam essa realidade.

O consultor de carreira e negócios da ESIC Internacional, Alexandre Weiler, explica que a  geração “nem nem” representa uma parcela da juventude que enfrentou dificuldades para encontrar uma oportunidade de trabalho e, consequentemente, paralisou seus estudos.  “A geração “nem nem” não é composta por jovens que se recusam trabalhar ou estudar, mas sim por aqueles que encontraram obstáculos para encontrar uma oportunidade e se inserir na sociedade. Entre os fatores que contribuem para esse cenário, destaca-se a baixa qualidade de muitos cursos de ensino superior, que, mesmo formando seus alunos, não conseguem prepará-los adequadamente para o mercado de trabalho. A falta de conexão entre o conteúdo acadêmico e as demandas profissionais atuais faz com que muitos jovens se formem, mas não alcancem uma colocação satisfatória em suas áreas de formação”, comenta.

Consequências da geração “nem nem” para o mercado de trabalho

            Uma das principais consequências dessa tendência é a crescente falta de mão de obra qualificada no Brasil. Fatores como o abandono escolar, o baixo desempenho acadêmico e a carência de competências básicas são contribuintes significativos para esse problema. “Questões econômicas e sociais, como a condição de pobreza e a realidade familiar, desempenham um papel essencial na perpetuação do fenômeno da geração “nem nem”. Jovens que não estudam e não trabalham têm menos chances de desenvolver habilidades e adquirir experiências relevantes, tornando-se menos competitivos no mercado de trabalho. Isso gera um ciclo vicioso: menos jovens empregados, aumento da desigualdade social e desafios econômicos, o que compromete o desenvolvimento humano e o futuro do país”, explica Weiler.

Nesse cenário, olhando para o setor de tecnologia da informação, que deverá crescer significativamente nas próximas décadas no Brasil, a disparidade entre demanda e oferta de profissionais qualificados será alarmante, é o que aponta o estudo da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), que projeta que até 2025 serão criados quase 800 mil novos postos de trabalho, enquanto o país forma pouco mais de 53 mil profissionais de tecnologia por ano. Isso resultará em um déficit de cerca de 532 mil profissionais para atender ao setor. “Para as empresas brasileiras, a falta de mão de obra qualificada representa um desafio tanto na contratação quanto na retenção de talentos. Diante dessa realidade, é fundamental que empresas e instituições de ensino adotem estratégias urgentes para investir na formação e qualificação voltada para as novas demandas tecnológicas”, afirma o consultor.

Habilidades mais buscadas

Dados do Fórum Econômico Mundial, realizado em 2023, apontaram que as principais habilidades buscadas pelas empresas para os próximos anos, incluem pensamento analítico, criatividade, resiliência, flexibilidade, agilidade, motivação, autoconhecimento, curiosidade e aprendizagem contínua, além de uma grande ênfase à Inteligência Artificial, Big Data, liderança e influência social. “A geração “nem nem” tem, à sua frente, desafios e oportunidades, sendo importante que os jovens estejam atentos às principais tendências com relação às habilidades mais buscadas no mercado, buscando uma formação que seja compatível com seus ideais e com o que o mercado exige. Nesse ponto é fundamental investir em uma formação de qualidade e no desenvolvimento de habilidades essenciais ao mercado, garantindo assim um caminho para boas colocações e que podem mudar essa realidade”, reforça Weiler.

Apesar do cenário desafiador, o consultor afirma que aqueles que buscam uma formação de qualidade ainda encontram um vasto campo de oportunidades. “Com a constante evolução do mercado, instituições que se adaptam às novas exigências, oferecendo cursos focados em inovação e em áreas emergentes, têm se destacado. Além disso, o desenvolvimento de habilidades técnicas alinhadas às demandas tecnológicas e a capacidade de lidar com ambientes dinâmicos, por meio de competências comportamentais como resiliência, agilidade e liderança, torna-se um diferencial decisivo para garantir uma inserção e permanência competitiva no mercado de trabalho”, finaliza.

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