Câncer do colo do útero: exames periódicos e vacinação são a melhor prevenção

O câncer do colo de útero ou cervical é o terceiro mais comum entre mulheres. No mundo, são registrados cerca de 570 mil novos casos e 311 mil mortes por ano. No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer – INCA é de 17.000 novos casos anualmente. A faixa etária mais comum para o diagnóstico do câncer de colo do útero é entre os 40 e 50 anos, mas a partir do início da vida sexualmente ativa as mulheres já podem ter tido contato com o vírus do HPV.

Estudos apontam que cerca de 90% dos casos diagnosticados de câncer do colo do útero estão relacionados com uma infecção causada por um vírus ou por uma família de vírus chamado papilomavírus humano ou HPV – principalmente os de número 16 e o 18, mas há vários outros que também causam câncer.

“A transmissão do HPV se dá pelo contato direto com a pele ou mucosa infectada. A principal forma é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital, ou seja, o contágio com o vírus pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal”, alerta a ginecologista e mastologista Camila Vitola Pasetto, do COP – Centro de Oncologia do Paraná.

Segundo o INCA, os fatores que aumentam o risco de desenvolver esse tipo de câncer são início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros; tabagismo (a doença está diretamente relacionada à quantidade de cigarros fumados), uso prolongado de anticoncepcionais (desistência de uso de preservativos).

Detecção

Em geral, o câncer do colo do útero se desenvolve de maneira assintomática. “Infelizmente, é uma doença silenciosa até os estágios avançados, quando então a pessoa começa a apresentar sintomas, como sangramento vaginal, corrimento e dor na pélvis e costas. Outros sintomas também podem ser fadiga, náusea ou perda de peso”, destaca a ginecologista.

O método de rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil é o exame citopatológico (exame de Papanicolaou – geralmente realizado durante o exame ginecológico e consiste na análise microscópica de células do colo do útero obtidas por meio de uma raspagem suave), que deve ser oferecido às mulheres ou qualquer pessoa com colo do útero, na faixa etária de 25 a 64 anos e que já tiveram atividade sexual. O exame Papanicolau ou de lâmina, como também é chamado, consegue detectar lesões precursoras do câncer, além de inflamações, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

Dra. Camila Vitola Pasetto ressalta que o Papanicolau é um exame de rastreio e por isso, caso o resultado do exame venha alterado, há necessidade de complementação diagnóstica. “Geralmente, é feita uma colposcopia e, se necessário, biópsia do colo uterino. A colposcopia avalia lesões no colo uterino, vagina e vulva, incluindo o câncer e outras tumorações e nódulos.”

Vacinação contra o HPV

A principal forma de prevenir as infecções pelo vírus é por meio da vacinação. O Sistema Único de Saúde – SUS disponibiliza o imunizante gratuitamente para crianças e adolescentes com idade entre 9 a 14 anos, pacientes oncológicos, vítimas de violência sexual de 9 a 45 anos de idade e pessoas imunossuprimidas, como quem vive com HIV ou aids e transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea.

A vacina quadrivalente que é oferecida na rede pública protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18, relacionados com episódios de verrugas genitais e lesões malignas. A vacina nonavalente (Gardasil 9) contra o HPV é encontrada em clínicas especializadas. Indicada para meninos e meninas, homens e mulheres – de 9 a 45 anos –, a vacina protege contra os quatro genótipos já contidos em Gardasil (6, 11, 16 e 18) e contra cinco adicionais (31, 33, 45, 52, 58).

“A população também precisa fazer sua parte, pois é fundamental que se vacine as crianças e adolescentes. Somente assim poderemos diminuir as estatísticas e até mesmo erradicar a doença”, destaca Dra. Camila V. Posetto.

É possível erradicar a doença

Em março de 2024, governos, doadores, instituições multilaterais e outras entidades reafirmaram novos e importantes compromissos políticos, programáticos e financeiros, incluindo quase US$ 600 milhões em novos recursos, para eliminar o câncer do colo do útero. Se as expectativas de expandir a cobertura de vacinação e fortalecer os programas de triagem e tratamento forem plenamente realizadas, o mundo poderá eliminar um câncer pela primeira vez, informa a Organização Pan-Americana da Saúde, vinculada à Organização Mundial da Saúde – OMS.

Esses compromissos foram assumidos em março durante o primeiro Fórum Global para a Eliminação do Câncer do Colo do Útero: Avançando o Chamado à Ação em Cartagena das Índias, Colômbia, para promover o impulso nacional e global para acabar com essa doença evitável.

No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer – INCA é de 17.000 novos casos anualmente

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