Gino Oyamada*
Pode parecer contraditรณrio, dadas as incertezas sobre o cenรกrio polรญtico e as reformas por que tanto o paรญs clama, mas 2018 รฉ o ano propรญcio para o inรญcio da grande virada que esperamos com ansiedade. Finalmente, voltaremos a respirar.
Do que ouvido e conversado com diversos interlocutores da iniciativa privada, percebo um descolamento entre o econรดmico e o polรญtico, embora isto jรก tenha sido mais expressivo. E a condenaรงรฃo pelo TRF 4 do ex-presidente Luiz Inรกcio Lula da Silva, ainda que haja espaรงo para outros recursos, nรฃo muda essa visรฃo.
Verdade รฉ que o empresariado estรก cansado de nortear seus negรณcios e decisรตes por conta do mundo polรญtico e seus desmandos e despropรณsitos. Foram anos seguidos de perdas e passos laterais, quando nรฃo para trรกs. Foram agendas voltadas a proteger seus negรณcios, negando-se o DNA de empreendedorismo e expansรฃo.
Nรฃo hรก mais ajustes estruturais a serem feitos nas empresas. Ao longo dos รบltimos trรชs ou quatro anos, elas promoveram cortes, reduรงรฃo de custos, revisaram suas linhas de negรณcios, renegociaram contratos, readequaram suas polรญticas comerciais, desenvolveram mercados alternativos e outras providรชncias diversas. Muitas jรก colheram os resultados, tanto que รฉ esperada uma melhor safra de balanรงos referentes ao ano de 2017.
Vejo tambรฉm que o tema โgovernanรงaโ definitivamente ganhou seu devido espaรงo e importรขncia nas agendas corporativas. โNunca na histรณria deste paรญsโ โ parafraseando o ex-presidente Luiz Inรกcio Lula da Silva, condenado a 12 anos de prisรฃo, ontem, pelo TRF 4 โ ย discutiu-se tanto o tema, nunca antes se falou tanto em cรณdigos de รฉtica e conduta, em acordos de acionistas, em sucessรฃo e por ai afora.
Ainda que em maior ou menor amplitude, ainda que nรฃo necessariamente implementada num conjunto maior de organizaรงรตes, percebe-se claramente que a adoรงรฃo de melhores prรกticas de gestรฃo, o repensar estratรฉgico e a implantaรงรฃo de novos pilares de governanรงa ganharam novos contornos e adeptos, com vรกrias empresas contabilizando ganhos e resultados.
Novos e experimentados executivos passaram a atuar como Conselheiros, ainda que consultivamente; investiram nesta agenda e buscaram a devida formaรงรฃo. Entidades de classe e รณrgรฃos reguladores como a CVM e B3 se mobilizaram, cรณdigos e manuais de governanรงa foram atualizados e atรฉ mesmo na esfera governamental foram introduzidas novas legislaรงรตes pertinentes como a Lei Anticorrupรงรฃo e a Lei das Estatais, que introduz novos contornos na governanรงa das empresas controladas pelo estado.
Em outras palavras, de certa forma, muitas empresas arrumaram suas casas para um novo ciclo e estรฃo รกvidas e prontas para surfar uma nova onda.
Associado a isto, a despeito do cenรกrio polรญtico, variรกveis crรญticas vigentes no passado jรก nรฃo sรฃo mais realidade e tem pouca chance de voltar. Refiro-me aos elevadรญssimos juros, ร inflaรงรฃo, alรฉm das restritivas relaรงรตes de trabalho e sindicais.
Por fim nรฃo podemos deixar de lembrar que o รญndice de confianรงa, tanto do consumidor, quando do empresariado, estรก num patamar mais elevado, a despeito de todo o cenรกrio polรญtico e ainda que longe do ideal.
Por isto tudo creio, prego e defendo uma agenda positiva. ร disso que precisamos e nรฃo serรฃo novos governantes que tirarรฃo da iniciativa privada sua forรงa, crenรงa e vigor.
*Gino Oyamada, sรณcio gerente da 3G Governanรงa, Gestรฃo e Gente