A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a hipertensão um problema de saúde pública, uma vez que o número de casos não para de crescer. Nos Estados Unidos chega a 5% da população pediátrica, doença principalmente relacionada ao aumento da obesidade infantil. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o risco de desenvolver hipertensão é oito vezes maior nas crianças obesas.
Dia 26 de abril é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. A doença age silenciosamente. Sem muitos sintomas, afeta pessoas todas as idades e condições sociais, crianças e os adolescentes. Pesquisas indicam que a elevação da pressão arterial na infância representa fator de risco para enfermidades cardiovasculares na vida adulta. Segundo a médica nefrologista, diretora da Nefrokids, Rejane de Paula Bernardes, “filhos de pais hipertensos devem ser avaliados desde cedo, porque pressão alta é uma doença hereditária, crônico-degenerativa, que ataca os vasos sanguíneos e pode provocar lesões graves no coração, cérebro, rins, membros e outras grandes artérias do nosso corpo”, alerta.
Nos primeiros anos de vida, a pressão alta pode ser secundária a alguma doença de base, como doenças renais, endócrinas, cardíacas e pulmonares. Prematuros e crianças que nascem com baixo peso também podem desenvolver hipertensão arterial secundária.
Nem sempre é possível determinar a causa da pressão alta primária nas crianças e adolescentes. Estudos mostram que histórico familiar, obesidade, sedentarismo, maior ingestão de sal e menor de potássio são fatores de risco que contribuem para o aparecimento da hipertensão arterial na infância. Na adolescência, o cigarro, o consumo de bebidas alcoólicas e de outras drogas, o uso de anabolizantes e pílulas anticoncepcionais, também são fatores de risco para hipertensão.
A pressão arterial elevada raramente causa sintomas em crianças, adolescentes e adultos. Segundo a especialista, a pressão arterial deve ser aferida com regularidade nas consultas médicas de rotina. “Os sintomas mais comuns são dor de cabeça, tonturas, falta de ar, zumbido no ouvido, visão embaçada, sangramento nasal e cansaço”, explica a médica.
Uma medida isolada com valores alterados não é suficiente para fazer o diagnóstico de hipertensão arterial. Crianças e adolescentes só podem ser considerados hipertensos depois de três medições consecutivas. “A confirmação se faz através da realização do exame MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial). A análise dos níveis da pressão arterial na infância baseia-se em critérios estatísticos, usando como referência tabelas com os valores normais da pressão arterial sistólica e diastólica em crianças e adolescentes da mesma idade, sexo e percentil de estatura”, completa a médica.
Os aparelhos usados para medir a pressão nos adultos não servem para o exame das crianças. Existem modelos específicos de aparelhos para aferir a pressão para uso em pediatria. Eles possuem o manguito com a bolsa de borracha no tamanho adequado à circunferência do braço da criança e devem ser recalibrados a cada seis meses.
Na Clínica Nefrokids, grande parte de crianças jovens hipertensas são portadoras de um histórico de infecção urinária febril recorrente nos primeiros anos de vida, pois podem desenvolver cicatrizes nos rins. Em crianças maiores, o número de hipertensas tem aumentado pelo sobrepeso. Em campanha realizada pela clínica em uma escola de Curitiba, em 2016, das 452 crianças de cinco a 10 anos, 1% apresentou hipertensão e 14% das crianças apresentaram sobrepeso. A clínica já participou de cinco projetos internacionais de pesquisa clínica no tratamento da hipertensão em crianças.