Desabastecimento de remédios na rede pública afeta acesso a tratamento de 300 mil pacientes

Um impasse entre o governo federal e secretarias de saúde, sobre quem deve custear um medicamento (levetiracetam) indicado para o controle de convulsões em bebê com síndrome congênita de zika e também para pacientes com epilepsia, tem prejudicado aproximadamente o tratamento de 300 mil pacientes que precisam do remédio. Enquanto não se chega a uma solução ao impasse, a oferta pelo SUS (Sistema Único de Saúde) na rede pública está paralisada.

“Custos na área da saúde estão entre as principais despesas das famílias brasileiras, sendo o medicamento o item que mais pesa no orçamento. Com isso, muitas pessoas acabam dependendo da rede pública para realizar um tratamento medicamentoso.  Sendo assim, uma situação como essa exige uma solução rápida e urgente”, defende Luiz Monteiro, presidente da PBMA – Associação Brasileira das Empresas Operadoras de PBM (Programa de Benefício em Medicamentos).

Para o presidente da entidade, o Brasil passa por um longo período de crise na saúde pública e para reverter esse quadro é necessário que se invista em um modelo público privado de gestão e de financiamento para algumas áreas da saúde, com foco em uma melhor prestação de serviços e de atendimento, especialmente às famílias de baixa renda. “Um projeto de gestão eficaz, que alie investimento público com a iniciativa privada”, completa Monteiro.

Como parte dessa estratégia, ele sugere incentivo fiscal às empresas que queiram oferecer benefícios de custeio das prescrições médicas a seus colaboradores e dependentes. “O PBM oferece as pessoas mais chances de seguir o tratamento, já que o subsídio oferecido pelas empresas facilita o acesso ao medicamento”, explica o presidente da PBMA. Essa é uma prática já muita difundida nos Estados Unidos, com quase 80% da população se utilizando desse benefício.

“O desconto pode variar de acordo com o plano escolhido pelas empresas, mas há casos em que pode ser de até 100% do valor”, diz. Aqui no Brasil, empresas como Telefônica Brasil, IBM, Caterpillar, Unilever, Arcelor Mital, Carrefour, Nestlé, Gerdau e Tigre, entre outras, já subsidiam medicamentos para seus funcionários.

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