Está aberta a temporada de maior assiduidade a piscinas e praias. Com o verão, calor em alta e a criançada em férias, praias e clubes parecem ser os destinos mais procurados. Mas é preciso tomar cuidado principalmente se você adora entrar na água, pois é nesta época do ano em que aumentam os casos de otite. Se depois daquele banho de mar, por exemplo, surgir aquela sensação de ouvido cheio d´agua, o que fazer?
De acordo com a otorrinolaringologista do Hospital Otorrinos Curitiba, Dharyemne Pucci de Araújo, normalmente essa sensação será passageira, mas é bom ficar atento caso ela persista.
“Na maioria das vezes a água tende a escoar sozinha. A anatomia do conduto auditivo geralmente facilita este processo, mas em algumas pessoas existem variações que podem dificultar o escoamento, e se existir cerume em grande quantidade esse processo pode ser mais lento. Com a proximidade do verão, os casos acabam aumentando. Em situações mais graves, a dica é procurar um otorrinolaringologista”, orientou a especialista.
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Pode ser otite?
A preocupação com o ouvido ‘cheio d´água’ e possíveis dores não é para menos. De acordo com a médica, o contato com água de piscina e mar pode facilitar a otite externa (OE).
“O contato mais frequente e mais prolongado com a água gera uma lesão na pele que reveste o conduto auditivo e remove o cerume, que é uma proteção contra a ação de bactérias e fungos. Ainda se associado a traumas locais, como o uso de cotonete, temos o ambiente perfeito para a proliferação desses micro-organismos”, explica a otorrino.
Os sintomas mais associados a OE são otalgia (“dor de ouvido”) de intensidade variável, sensação de ouvido “cheio/tampado”, coceira e secreção em pequena quantidade. Estudos mostram que existe uma frequência maior de otite externa em piscinas “caseiras”, onde não há tratamento adequado da água.
Tratamento para otite
Segundo a especialista, o tratamento varia conforme a apresentação do quadro, mas geralmente é tratado com gota antibiótica tópica, anti-inflamatórios e analgésicos. “A utilização de compressa morna seca local é indicada, e suspender o contato com água, inclusive durante o banho, é muito importante”, orienta Dharyemne.
Em alguns casos, também se faz uso de curativos e limpeza local realizada pelo otorrinolaringologista. Em casos mais graves o uso de antibióticos via oral ou endovenoso pode ser indicado. Pacientes diabéticos devem ter cuidado redobrado, pois eles tendem a apresentar quadros mais graves e com maior risco de complicações.
Álcool no ouvido: mito ou verdade?
Vira e mexe são divulgadas receitas caseiras de como tentar reduzir o incômodo com o excesso de água no ouvido. Um deles é pingar álcool. Mas será que isso é permitido? A doutora Dharyemne aconselha que algumas gotas de álcool 70% até podem ser utilizadas, mas não é indicado colocar nenhuma substância no ouvido se não tiver orientação e indicação médica. “Em muitos casos pode ser um fator irritante e complicador”, alerta.
Protetor de ouvido ajuda?
O uso de protetores impermeáveis como os de silicone pode ajudar, mas é sempre importante a correta limpeza e secagem após o uso. “Caso contrário eles podem facilitar o desenvolvimento de uma otite”, lembra.
Água doce X água salgada
Alguns dizem que a água doce poderia ter maiores chances de desenvolver a OE pelo seu maior potencial de contaminação e também porque as pessoas costumam ficar por mais tempo na água. Entretanto, ambas podem estar relacionadas com o desenvolvimento da otite externa.
Diretor Técnico: Dr. Ian Selonke CRM-PR 19141 | Otorrinolaringologia