Queimação no peito, regurgitação, dor torácica, azia, gosto amargo na boca ou até mesmo tosse crônica: esses podem ser alguns sintomas do refluxo gastroesofágico, condição em que o conteúdo do estômago regressa ao esôfago.
O médico cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Otorrinos Curitiba, Gustavo Fernando Binder, explicou que a principal causa do problema é uma falha no esfíncter, espécie de válvula que controla a passagem dos alimentos.
“Quando nos alimentamos, o alimento desce por um tubo chamado esôfago até alcançar o estômago. Na transição entre o esôfago e o estômago existe um esfíncter, que funciona como uma válvula. Ele permite a passagem dos alimentos, mas logo após esta passagem ele se fecha para não permitir que os ácidos do estômago e os alimentos retornem para o esôfago. Então, a principal causa do refluxo é uma falha nesse esfíncter (esfíncter esofágico inferior), que se abre com frequência e permite o refluxo. O ácido do estômago que atinge o esôfago causa o principal sintoma da doença, que é a queimação atrás do esôfago que o paciente se refere como azia”, completa o especialista.
Além da falha deste esfíncter, uma condição anatômica conhecida como hérnia de hiato (quando o estômago sobe em direção ao tórax) pode propiciar ou agravar o refluxo. O mesmo conteúdo que sobe pelo esôfago pode atingir a garganta e causar os sintomas extraesofágicos, como a tosse, rouquidão e pigarro.
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Cuide da alimentação
De acordo com o especialista, a doença pode ser agravada pelo consumo de alimentos gordurosos, excesso de café, chocolate, bebidas gaseificadas, bebidas alcoólicas, alimentos muito condimentados e apimentados, cítricos e molho de tomate. A obesidade também é um fator de risco.
“Ter hábitos saudáveis e uma alimentação balanceada é fundamental para manter a saúde em dia. Vale lembrar, também, além da perda de peso – quando necessária – e a redução dos alimentos citados anteriormente, outras dicas são importantes: fazer refeições menores e mais frequentes, elevar a cabeceira da cama e não deitar após as refeições ajudam a controlar a doença”, acrescentou.
Crianças podem sofrer com refluxo?
O refluxo gastroesofágico também pode acometer os bebês, mas nesse caso, normalmente está relacionado a uma imaturidade dos tecidos e pode melhorar com o crescimento.
Consequências
Muita gente acaba se acomodando e não tratando os problemas de refluxo. Se não tratado adequadamente, o refluxo pode evoluir com complicações como úlceras esofágicas e estreitamento do esôfago. Em alguns casos, o refluxo pode levar ao aparecimento do Esôfago de Barret (causado por uma agressão do esôfago devido ao refluxo), que aumenta o risco de câncer de esôfago.
Tratamento para refluxo
O tratamento do refluxo normalmente é clínico, baseado em medicações, dietas e alterações nos hábitos de vida. Eventualmente pode ser indicado o tratamento através de uma cirurgia para conter o refluxo.
“Pacientes que apresentam a doença do refluxo sempre devem ser avaliadas por um médico para receber as orientações adequadas e individualizar o melhor tratamento”, resumiu Gustavo.
Diretor Técnico: Dr. Ian Selonke CRM-PR 19141 | Otorrinolaringologia