Saúde no Carnaval: previna-se contra doenças sexualmente transmissíveis

Curitiba, março de 2019 – O período do Carnaval pode favorecer o aumento do consumo de álcool e drogas, e segundo o Ministério da Saúde, a redução de métodos contraceptivos, como preservativos. Esse comportamento facilita a transmissão de doenças sexuais graves, como Sífilis, HPV, HIV, Herpes Genital, Gonorreia e as Hepatites B e C.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) pouco mais da metade dos jovens entre 15 e 24 anos usa preservativo na relação com parceiros eventuais, método mais eficaz para inibir as ISTs, tanto para sexo vaginal quanto oral e anal.

“Em geral, as ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) são causadas por vírus e bactérias, transmitidas principalmente durante o ato sexual sem proteção com pessoa infectada. Em muitos casos, o resultado é o aparecimento de feridas, corrimentos, bolhas e verrugas, que podem evoluir para complicações mais graves como câncer e até a morte”, explica Alberto Chebabo, infectologista do Frischmann Aisengart, laboratório da Dasa – líder em medicina diagnóstica no Brasil. “Porém, existem infecções que são assintomáticas e, por essa razão e pela gravidade, são recomendados, além da prevenção, o diagnóstico e o tratamento o mais rápido possível”, explica.

No Brasil, apenas os casos de HIV e Sífilis são de notificação obrigatória ao Ministério da Saúde, o que coloca em risco a precisão das estatísticas e minimiza a real dimensão de contágio. Esses fatores são um desafio para o controle destas doenças e para o acesso ao diagnóstico precoce.

“Infecções sexualmente transmissíveis que persistem ou retornam, fazendo grande número de vítimas, sugerem que a população brasileira baixou a guarda e deixou de reconhecer a importância do sexo seguro. Exames e tratamentos de baixo custo levam a acreditar que a prevenção não é essencial. Há ainda o equívoco de pensar que apenas pessoas com hábitos sexuais promíscuos podem se infectar”, alerta o especialista.

“As mulheres, mais do que os homens, devem estar atentas e redobrar os cuidados, já que os sintomas de algumas ISTs se confundem com as reações comuns de seu organismo”, finaliza.

*ISTs EM NÚMEROS: RADAR DASA DA SAÚDE*

*Sífilis*

O Brasil vive uma epidemia de Sífilis. Não é um fenômeno exclusivamente brasileiro, mas um desafio mundial eliminar a doença, que acomete 12 milhões de pessoas no planeta. A causa pode ser atribuída ao descaso quanto ao uso de preservativos. A detecção da doença é rápida, simples e disponível gratuitamente na rede pública de saúde e em laboratórios de análises clínicas.

Segundo o Ministério da Saúde, desde 2014, o número de pessoas infectadas aumentou 32,7%: as taxas que em 2001 eram de 2,1 casos por 100 mil pessoas passaram, em 2015, a 7,5 casos. Entre 2016 e 2017 houve um aumento de notificação de 31,8%, de acordo com o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).

ASífilis adquirida aumenta entre os brasileiros mais jovens e mulheres. Nos laboratórios Dasa – empresa líder brasileira em medicina diagnóstica, segundo o estudo Radar Dasa da Saúde, os exames para detecção estão concentrados nas faixas etárias de 25 a 45 anos de idade. Entre janeiro e agosto de 2018, foram realizados 576.872 testes, um crescimento de 28% com relação ao mesmo período em 2017.

*Aids*

Cresce de forma acelerada a detecção de novos casos de infecção por HIV (na soma de Sinan, SIM e Siscel/Siclom) e a explicação do fenômeno está atrelada à notificação compulsória, desde 2014, às políticas de detecção precoce da infecção e ao acesso ao tratamento a todos os portadores do vírus ao Programa Conjunto das Nações Unidas. Em 2016, cerca de 827 mil pessoas viviam com o HIV no País e aproximadamente 112 mil brasileiros têm o vírus, mas não sabem.

Em 2017, foram diagnosticados 42.420 novos casos de infecção por HIV e o vírus acomete mais que o dobro de homens; a razão entre sexos foi de 26 homens para cada 10 mulheres, sendo que a maioria dos casos está na faixa de 20 a 34 anos. E, nos últimos 10 anos a taxas de detecção entre brasileiros até 14 anos de idade caíram, em ambos os sexos.

Nos laboratórios Dasa, os exames de detecção de infecção por HIV predominam entre mulheres, com destaque para o número de jovens adultas, três vezes maior que em outras faixas etárias. Homens de 60 anos ou mais são testados para HIV/AIDS quase na mesma proporção que jovens e adultos, de 16 a 24 anos de idade. Isso tem a ver com o crescente aumento de idosos infectados pelo vírus no país.

*HPV*

Na Dasa, as mulheres entre 25 e 44 anos são as que mais realizam exames para detecção do HPV. O vírus está associado ao câncer de colo de útero e, segundo o INCA, cerca de 16 mil mulheres podem ter morrido no Brasil em 2018 pela doença. Entre os homens, o HPV é causador de câncer genital e de ânus, que vitimou, em 2016, 408 homens (câncer de pênis) e 140 (câncer do ânus).

*Hepatites B e C*

As hepatites virais do tipo B e C têm transmissão predominantemente sexual e representam 71% dos casos da doença. Dos casos notificados no Brasil, entre 1999 e 2017, 37,1% eram de hepatite B e 34,2% hepatite C. A hepatite C é responsável pela maioria dos óbitos e a terceira maior causa de transplantes de fígado; já a hepatite B, cuja forma de contágio é semelhante ao HIV – por via sexual, contato com sangue, durante a gravidez e parto – é muito contagiosa, mas assintomática e precisa ser detectada para evitar danos ao fígado ao longo do tempo.

De 2007 a 2017, a Hepatite C teve crescimento gradual e a mudança de critério de notificação, que leva em conta apenas um dos dois reagentes – e não mais a dupla detecção dos marcadores antiHCV ou HCV-RNA – levou ao salto em detecção.

Todas as faixas acima de 39 anos de idade tiveram aumento na detecção nos 10 anos de análise, em particular entre pessoas de 60 anos de idade ou mais – a taxa passou de 4,4 casos para 7,4 casos para cada 100 mil habitantes. A maior detecção entre homens em 2017 ocorreu entre 45 a 49 e 50 a 54 anos (15,1 e 15,0 casos a cada 100 mil habitantes, respectivamente). A Hepatite C, o tipo de maior gravidade entre as hepatites virais, de maior fatalidade e incidência, preocupa o poder público e também os serviços privados de saúde.  Em 2017, a faixa etária mais afetada pela Hepatite C foi de 55 a 59 anos, para ambos os sexos. No entanto, a detecção entre os homens (42,4 casos por 100 mil homens) é quase o dobro da detecção entre mulheres (25,2 casos por 100 mil mulheres). Nos laboratórios Dasa, exames para detecção de hepatite C somaram 787.517 em 2018. E assim como para Hepatite B, a proporção de homens e mulheres que solicitam exames é de um homem para cada duas mulheres. Importante destacar que as informações de exames realizados nos laboratórios da Dasa não representam estatisticamente a totalidade da população brasileira.