A realização do Festival de Tortas consagrou o município como destino turístico e colocou no roteiro do turismo gastronômico
O VII Festival de Tortas de Carambeí acontecerá nos dias 5 e 6 de outubro, é uma realização do Parque Histórico de Carambeí em parceira com a Prefeitura Municipal. O evento reunirá confeitarias e confeiteiras artesanais do município, com o intuito de proporcionar ao público uma viagem pelo doce sabor das tortas de Carambeí, terá a entrada gratuita.
A turismóloga, Suellen Pavanelo, relata como surgiu a proposta de realizar o Festival de Tortas, como um produto turístico de Carambeí. Os desafios e estratégias para criar um produto diferenciado com o intuito de promover a cidade em meio ao setor turístico.
“Quando ajudava a Eliza, filha na Frederica Dykstra, no café que tinham no Parque Histórico entre os anos de 2001 e 2006 notei que muitas pessoas vinham a cidade apenas para consumir tortas. Em 2009, assumi o cargo de diretora de turismo na Prefeitura e tinha um grande desafio, como promover Carambeí turisticamente? Conhecia as potencialidades naturais que existiam, mas sabia dos desafios nesse sentido. Além disso, Carambeí tem dois grandes concorrentes, o Canyon Guartela e a Vila Velha. A estratégia era buscar um diferencial para tornar a cidade conhecida e mais evidente no cenário turístico. A ideia surgiu quando participamos da feira da ABAV, no Salão Paranaense de Turismo em Curitiba, precisava de algum produto que representasse o município e não queria levar apenas folders, a Prefeitura Municipal comprou algumas tortas e a adesão do público foi grande. Foi assim que surgiu a ideia do Festival de Tortas”, conta Suellen.
A primeira edição do evento foi realizada no ano de 2010 e foi um sucesso, a expectativa de público era mil visitantes e ultrapassou a 5,5mil pessoas. A turismóloga descreve o trabalho realizado com as confeiteiras, para posteriormente formatar o primeiro evento. “A proposta era criar um produto turístico que evidenciasse a cultura da confeitaria em Carambeí. Foi necessário fazer um levantamento das pessoas que mantinham a tradição de produzir tortas. Com esses dados em mãos a equipe do departamento de turismo fez contato com o Senac e ofereceu capacitação ao grupo, para que as confeiteiras pudesse produzir um produto de qualidade e bem apresentado. A preocupação era oferecer ao público tortas saborosas e dentro das boas práticas de manipulação”.
Frederica Dykstra, proprietária do Frederica’s Koffiehuis, conta que desde o início o intuito do Festival de Tortas era reunir as confeitarias e mostrar a tradição gastronômica, tornar a confeitaria protagonista no município. “O evento reuniu todas as confeitarias da cidade em um único lugar, mostrando que Carambeí se destaca no prato. Na primeira edição, pudemos mostrar a dedicação de cada empresa em oferecer produtos de qualidade e com sabores únicos e que reconheciam as tortas como símbolo de Carambeí”.
A secretária municipal de desenvolvimento, Aline Valer, afirma que este evento é uma vitrine para Carambeí. “O Festival representa uma maior visibilidade do município no cenário de turismo atraindo visitantes dos Campos Gerais e de outras regiões do Paraná para além das tradicionais tortas também conhecerem o Parque Histórico de Carambeí que contextualiza a história da imigração holandesa, entre outros aspectos culturais. O evento também representa crescimento econômico movimentando todo trede turístico”.
O historiador e coordenador cultural do Parque Histórico de Carambeí, pesquisador da história da alimentação Felipe Pedroso, reconhece o evento como fonte de preservação e propagação da tradição da confeitaria, e que deve ser trabalhado no turismo. “O Parque Histórico é um lugar de preservação da memória e como tal sempre incentivou as práticas culinárias enquanto patrimônio cultural de Carambeí. O Festival de Tortas é um evento o qual a instituição abraçou e serve como uma plataforma de difusão das tradições alimentares, um grande produto turístico a ser explorado”.
O Festival de Tortas no decorrer dos anos se consolidou e deu ao município o título de Cidade das Tortas. Diego Wolf, proprietário do Tortas Wolf, participa do evento desde a segunda edição e expõe a sua experiência. “Inicialmente as tortas eram produzidas todas aqui em casa, também precisei colocar a mão na massa. Foi um espetáculo, na verdade não sabíamos nada, a mãe fazia bolo e alguns salgados que são tradicionais, mas aí fomos criando e surgiram novos sabores. O Festival de Tortas foi que trouxe para nossa cidade o nome de Cidade das Tortas, pois muitas pessoas chegam a Carambeí atraídas pelo evento e depois continuam vindo no decorrer do ano”.
O Festival de Tortas reúne confeitaria e confeiteiras da cidade Com certeza! O evento reuniu todas as confeitarias da cidade em um único lugar, mostrando que Carambeí se destaca no prato. Na primeira edição, pudemos mostrar a dedicação de cada empresa em oferecer produtos de qualidade e com sabores únicos e que reconheciam as tortas como símbolo de Carambeí.
Estagiária do Núcleo de História e Patrimônio do Parque Histórico, Karen Barros é do interior de São Paulo e quando chegou a Carambeí ficou surpresa ao perceber que há venda das tortas até mesmo em postos de gasolina. Para ela isto reforça a identidade construída em torno de uma tradição. “Os símbolos que envolvem o município de Carambeí estão presentes em vários pontos da cidade. É comum você sair para tomar alguma bebida em algum estabelecimento comercial e no seu cardápio conter petiscos holandeses e de sobremesa um pedaço de torta. Para quem passou parte da sua vida na cidade pode passar despercebido o fato de alguns postos de gasolina possuírem mais opções de tortas do que de comidas típicas de beira de estrada. Esse fato, enquanto turista e como moradora recente da cidade, me impressionou muito. A presença da sobremesa é muito forte no município, diversos locais apresentam tortas no seu cardápio, o que revela a relação cultural que os carambeienses possuem com esse tipo de alimento”.
Pavanelo anima-se ao dizer que o evento fomentou na cidade a identidade cultural de Cidade das Tortas. “Fato de outros empreendimentos de Carambeí inserirem as tortas em seu cardápio é um reflexo que se identificam com esse produto, com essa identidade e tradição. Tudo isso é o Festival de Tortas cumprindo com o seu papel, que desde o início era projetar o município como Cidade das Tortas”.
Entusiasmada a turismóloga diz ser gratificante ver que um trabalho como esse, uma política pública trouxe o resultado esperado que era para fomentar Carambeí como destino turístico. “Esse evento trouxe o turismo como fonte de renda para o município, oportunizando novas formas de emprego e de remuneração para a comunidade. A proporção tomada faz do Festival de Tortas uma grande vitrine para que os pequenos negócios possam se manter e crescer. Perceber que em outros município há empreendimentos que comercializam tortas, muitos utilizam a marca tortas de Carambeí para valorizar seus negócios”.
A confeiteira Frederica, descendente de holandeses herdou o dom da confeitaria de sua avó, enxerga o evento como uma oportunidade de difusão da tradição gastronômica de Carambeí e uma vitrine para o seu empreendimento. “Para mim, o principal motivo para participar do evento foi ver que o Festival de Tortas divulgaria, e continua divulgando, a cultura da nossa cidade, o que para nós é muito importante, pois buscamos manter viva as tradições das pessoas que formaram Carambeí. Além disso, foi uma oportunidade de negócios, pois aumentamos a visibilidade do Frederica’s e divulgamos os nossos sabores de torta, o que foi muito gratificante”.
Valer finaliza relatando a satisfação em dar continuidade ao evento. “O Festival de Tortas está consagrado e se destaca como um dos maiores eventos gastronômicos dos Campos Gerais. É uma oportunidade para que as torteiras que produzem em suas próprias casas possam apresentar seus produtos a um grande público incentivando o empreendedorismo, assim como divulga os empreendimentos já existentes no município. O evento também instiga o envolvimento e a formalização de novas torteiras do município fortalecendo ainda mais o turismo gastronômico”.