A reforma tributรกria รฉ o grande destaque de discussรตes no ambiente polรญtico e econรดmico, no momento. Com a reforma da previdรชncia em fase final, a discussรฃo sobre o sistema tributรกrio deve roubar os holofotes em todos os sentidos neste segundo semestre. O desejo de protagonismo tem incentivado vรกrios lados e, nesse sentido, temos atualmente trรชs caminhos: uma proposta da Cรขmara dos Deputados (a PEC 45/19), outra proposta do Senado (a PEC 110/19) e uma proposta do poder executivo, ainda nรฃo formalizada.
A proposta do Governo Federal anda gerando muitas polรชmicas. Diversas falas de representantes do governo demonstram enormes dรบvidas sobre qual caminho seguir. Recentemente, o secretรกrio da Receita Federal, Marcos Cintra, foi demitido por aparentemente defender uma nova CPMF. Seria uma vantagem adotar este polรชmico modelo? Entendo que sim, mas com ressalvas.
Existem pontos positivos nesta ideia. Primeiramente, a possibilidade de reduzir a sonegaรงรฃo em nosso paรญs. A estimativa de perda com essa prรกtica ultrapassa R$ 460 bilhรตes de reais por ano. Essa perda de arrecadaรงรฃo seria suficiente para cobrir todo o dรฉficit fiscal com tranquilidade, mesmo antes dos efeitos da reforma da previdรชncia acontecerem. O sentimento de โtodos pagaremโ tambรฉm agrada, principalmente para aqueles contribuintes que fazem de tudo para fazerem tudo de forma correta, evitando qualquer tipo de evasรฃo fiscal.
Mas a defesa dessa ideia passaria por condicionantes. Elenco pelo menos cinco questรตes que deveriam ser adicionadas a essa ideia. A primeira delas รฉ a manutenรงรฃo da carga tributรกria global. Muitos rejeitam a ideia da nova CPMF por temer o aumento da carga tributรกria. Uma reduรงรฃo de tributos sobre consumo ou mesmo menor encargos trabalhistas devem ser considerados. Como a tributaรงรฃo seria por dรฉbitos e crรฉditos bancรกrios, os montantes envolvidos teriam uma base muito grande de tributaรงรฃo. Por isso, as alรญquotas deveriam ser baixรญssimas. Deve-se tambรฉm considerar um perรญodo de transiรงรฃo, para โtestarโ o novo modeloย e com alรญquotas mais reduzidas nรฃo seria de todo mal.
Outro ponto importante a se considerar รฉ a simplificaรงรฃo – um รบnico sistema que calculasse, de forma automรกtica, um tributo, รฉ o que todos desejam. E, neste caso, essa questรฃo parece ser bem real. Ter essa sensaรงรฃo de simplificar รฉ o que todos desejam. E ainda pensando que tributar os crรฉditos bancรกrios tambรฉm tributariam a renda de forma indireta, uma possรญvel deduรงรฃo dos recolhimentos desta nova CPMF na declaraรงรฃo do imposto de renda seria muito bem-vinda. Essa alternativa evitaria uma โbitributaรงรฃoโ e, ao mesmo tempo, traria incentivo para os contribuintes evitarem alternativas de sonegaรงรฃo.
Nรฃo deve existir โ nas propostas existentes no legislativo e mesmo na proposta que o governo promete colocar na โmesaโ โ sistema tributรกrio perfeito. As incertezas de diversos setores econรดmicos ainda sรฃo grandes e qualquer mudanรงa irรก prejudicar, de certa forma, alguรฉm. Mas o que parece ser unรขnime รฉ: algo tem que mudar. E isso deve passar, pelo menos por uma anรกlise, por uma eventual tributaรงรฃo sobre movimentaรงรตes financeiras. O governo ainda nรฃo mandou sua proposta, entรฃo ainda hรก tempo de reconsiderar: que venha a โnova CPMFโ!
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*Marco Aurรฉlio Pitta รฉ profissional da รกrea contรกbil e tributรกria, mestrando em Administraรงรฃo e coordenador dos programas de MBA nas รกreas Tributรกria, Contรกbil e de Controladoria da Universidade Positivo.