Incidência de queimaduras durante pandemia preocupa especialistas

Utilizado para prevenir o coronavírus nos ambientes em que não é possível lavar as mãos, o álcool se tornou produto essencial durante a pandemia. No entanto, o uso dessa substância tem preocupado os especialistas devido ao aumento nos casos de queimaduras desde março, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a venda do álcool líquido 70% para a população com o objetivo de combater a Covid-19. Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), no Brasil, de 19 de março até 15 de abril, foram registrados 183 casos de internações por queimaduras causadas pelo uso indevido do álcool em gel ou líquido, além dos casos ambulatoriais, de menor complexidade.

 

Além da falta de cuidado da população, o que pode desencadear acidentes com graves consequências, a dificuldade de acesso ao atendimento especializado no momento caótico em que o sistema de saúde se encontra, torna a situação mais alarmante. Segundo o Presidente da SBQ, José Adorno, alguns centros do país identificaram o dobro de internações de queimados em relação há alguns dias antes da nova norma da Anvisa. “As pessoas estão passando altas concentrações de álcool no corpo para combater o coronavírus e isso expõe o indivíduo ao risco iminente de, literalmente, pegar fogo”.

 

O aumento do número de casos impacta a sociedade não só pelo número de pacientes acidentados, como também interfere nos protocolos de tratamento das feridas. Segundo Jessica Miranda, Gerente da Franquia de Tratamento Avançado de Feridas da ConvaTec, com um cenário de pandemia, esses processos terapêuticos precisam ser ajustados e, às vezes, revistos. “Além de estarem em ambiente hospitalar num momento frágil, os pacientes têm maior risco de complicações e o tratamento da ferida resultante da queimadura deveria ter uso de coberturas de maior tempo de permanência”, reforça a especialista.

 

Diante desse cenário, a tecnologia dos dispositivos e recursos terapêuticos modernos são fundamentais para promover uma recuperação mais rápida e segura para o paciente. Por esse motivo, a SBQ e a ConvaTec, empresa de tecnologia médica, com o apoio da Federação Iberolatinoamericana de Queimaduras (FELAQ), realizaram essa semana um painel científico virtual sobre a Covid-19 e a importância da assistência ao queimado. Com o objetivo de atualizar profissionais de saúde que atuam na área de queimaduras, o evento abordou novas práticas para o tratamento e recursos que ajudam a promover um melhor resultado e reduzem os danos aos pacientes.

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