Estudo revela que 33% de um grupo de pacientes que morreram com comprometimento respiratório também apresentavam problemas cardíaco com lesão miocárdica ou insuficiência cardíaca
O Congresso Virtual da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo traz um amplo debate sobre o Covid-19 e o sistema cardiovascular. Um dos painéis foi sobre lesões do miocárdio (o músculo do coração) e insuficiência cardíaca (IC) provocados pelo SARS-CoV2. Resultados de estudos com pacientes chineses levaram os cardiologistas no Brasil a desenvolverem um protocolo para tratar vítimas do coronavírus com problemas semelhantes no coração.
“Um dos estudos chineses analisados, com 150 pessoas, constatou que 33% dos pacientes que morreram com comprometimento respiratório também apresentavam acometimento cardíaco com lesão miocárdica ou insuficiência cardíaca documentada. “Ainda nessa amostra, 7% das vítimas fatais apresentavam lesão cardíaca isolada evoluindo para choque cardiogênico. Sugerindo, portanto, um mecanismo de agressão miocárdica primária ou secundária”, afirma o coordenador do Laboratório da Unidade de Miocardiopatias do InCor e coordenador do Programa de IC do HCor, Félix Ramires, que foi palestrante no Congresso da SOCESP.
O cardiologista explica que a suspeita clínica de miocardite, relacionadas ao Covid-19, se dá baseado em sinais e sintomas de disfunção ventricular e insuficiência cardíaca e/ou dor no peito; biomarcadores de lesão, como Troponina e/ou CKmb; alterações eletrocardiográficas novas; e exames de imagem com avaliação funcional, o Ecocardiograma.
“Devido à escassez de dados e de propostas terapêuticas eficazes e seguras, o início de um tratamento em um diagnóstico não confirmado deve ser muito criterioso”, finaliza Félix Ramires.