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Estresse: como o cenário da pandemia pode acarretar outras doenças cardiológicas graves

Durante o Congresso Virtual de Cardiologia da SOCESP, o cardiologista Luciano Moreira Baracioli discute o caso Takotsubo em jovem por Covid, uma referência à síndrome que pode causar sofrimento miocárdico mimetizando o infarto agudo do miocárdio por situações de estresse, também conhecida por Síndrome do Coração Partido.

“O estresse é considerado um fator de risco para a ocorrência e desenvolvimento da doença aterosclerótica cardíaca e um dos desencadeadores do infarto agudo do miocárdio.” A afirmação é do cardiologista e coordenador da Unidade Crítica Cardiológica do Hospital Sírio Libanês – SP Luciano Moreira Baracioli. Durante o Congresso Virtual de Cardiologia da SOCESP, que acontece até 2 de julho pelas plataformas digitais, o especialista traz a discussão Takotsubo em jovem por Covid.

A síndrome de Takotsubo, também conhecida por Síndrome do Coração Partido, é uma cardiomiopatia induzida por estresse, cuja principal característica é a alteração súbita do funcionamento cardíaco, podendo causar lesão miocárdica, e sendo muitas vezes confundida com o infarto agudo do miocárdio. Em geral, as fortes emoções são as responsáveis pela ocorrência e, em tempos de COVID-19, os médicos consideram que o cenário da pandemia pode corroborar para isso. “A primeira descrição de Takotsubo foi em 1991, no Japão, e hoje já temos uma grande casuística dessa doença”, diz Baracioli. “Porém, no contexto da COVID-19, ainda não tivemos nenhuma publicação com importante série de casos, mas já há alguns relatos publicados.”

O desencadeamento de novos eventos cardíacos em pessoas que, até então, não tinham nenhum comprometimento também impacta a própria doença causada pelo novo coronavírus. “Sabemos que pacientes com doenças cardiovasculares prévias têm maior internação em unidades de terapia intensiva, durante o curso da infecção por COVID-19. Mas aqueles que apresentam novas lesões miocárdicas durante o período de contágio são os que apresentam o pior prognóstico, inclusive com maior índice de mortalidade”, alerta o cardiologista. “Por isso, a preocupação redobrada com síndromes cardíacas derivadas do estresse.”

Medo que paralisa

O receio da contaminação também promove outro problema: os pacientes em tratamento por outras doenças agudas – cardiovasculares ou não –, que necessitam de acompanhamento médico, estão negligenciando a rotina de saúde. Segundo Baracioli, esse procedimento inadequado poderá trazer consequências, como um boom de doentes no pós-pandemia. “Creio que, do ponto de vista cardiológico, estaremos sim diante de um aumento significativo de novos quadros de doenças cardiovasculares e de complicações ou descompensações das pré-existentes”.

 

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