Contraído por meio de relações sexuais, o Papilomavírus Humano pode se manter assintomático por um longo período, sendo necessária então a realização regular de exames para impedir que a doença evolua para quadros mais sérios, como câncer de útero e de pênis.
Algumas semanas atrás, os internautas voltaram sua atenção para o HPV (Papilomavírus Humano), um vírus contagioso geralmente transmitido por meio de relações sexuais, após ataques e acusações na mídia sobre um cantor que teria ‘infectado’ a ex com o vírus. Mas o que poucos sabem é que o vírus HPV está amplamente disseminado na população, sendo então muito difícil para quem possui a vida sexual ativa apontar corretamente a origem do vírus. “Isso se dá principalmente pelo fato de o Papilomavírus Humano ser, na maioria das vezes, assintomático, isto é, podem demorar meses e até anos para que as lesões causadas pelo vírus, que geralmente assumem o formato de verrugas na região íntima, comecem a aparecer”, afirma o Dr. Daniel Cassiano, dermatologista da Clínica GRU Saúde e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Segundo o especialista, o tempo de manifestação do HPV vai depender de fatores como imunidade e genética, o que varia de pessoa para pessoa. “Ou seja, não é porque as lesões do HPV surgiram recentemente que, necessariamente, o vírus foi contraído na última relação”, destaca. Logo, a melhor maneira de identificar o vírus precocemente é através de exames de rotina. “Nas mulheres, o Papanicolau é um exame de rastreio para avaliar alterações causadas pelo vírus (não o HPV em si), mas para diagnosticar o HPV existem dois tipos de exame: o PCR, que identifica exatamente o tipo de vírus; e existe um outro exame chamado de captação híbrida. Esse último exame atesta, em média, oito tipos de HPV, que são os mais cancerígenos e os que são mais causadores de verruga”, explica a Dra. Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra da Clínica GRU Saúde. Nos homens, a presença do agente patógeno pode ser identificada por meio de exame de sangue ou peniscopia, que consiste no mapeamento completo das regiões suspeitas com uma lupa para identificar possíveis lesões.
E a identificação precoce desse vírus é fundamental, pois, apesar da infecção pelo HPV ser geralmente combatida pelo sistema imunológico e não evoluir para doenças mais graves, certos tipos do vírus podem causar alterações celulares importantes com consequente surgimento de câncer. “Nas mulheres, a infecção pelo HPV pode evoluir para um quadro de câncer de útero, enquanto nos homens há risco do surgimento de câncer no pênis. Praticantes do sexo anal também devem ser rotineiramente avaliados”, diz o dermatologista.
Além da realização frequente de exames, é fundamental também adotar cuidados para prevenir o HPV em si. “A melhor maneira de prevenir a infecção pelo vírus é através do uso de preservativos masculinos ou femininos em qualquer relação sexual. Além disso, para evitar a disseminação das lesões na pele é fundamental manter a higiene da região íntima e evitar epilar a pele com gilete ou máquina zero”, aconselha o Dr Daniel Cassiano. “Existe também uma vacina capaz de combater a infecção pelo HPV, prevenindo, consequentemente, o surgimento do câncer de colo de útero. Disponível pelo Sistema Único de Saúde, a vacina, que é administrada em duas doses com um intervalo semestral entre elas, é indicada para meninas e meninos que possuem entre 9 e 14 anos. No entanto, vale ressaltar que a vacina disponível atualmente é capaz de proteger apenas contra os 4 tipos de vírus HPV mais comuns no Brasil. Logo, a realização de exames é indispensável até mesmo para quem tomou a vacina, visto que existem mais de 100 tipos de HPV”, ressalta a ginecologista.
Por fim, ao notar o surgimento de verrugas na região genital, o mais importante é consultar um médico especializado para receber o tratamento adequado. “Infelizmente, não existe um tratamento específico para o HPV. Mas as lesões causadas pela doença podem ser combatidas de diversas maneiras que vão ser escolhidas de acordo com a extensão e gravidade do problema, podendo incluir o uso de lasers, eletrocauterização, ácidos e medicamentos que melhoram o sistema imunológicos”, finaliza a Dra Eloisa.
FONTES:
*DRA. ELOISA PINHO – Ginecologista e obstetra, pós-graduada em ultrassonografia ginecológica e obstétrica pela CETRUS. Parte do corpo clínico da clínica GRU Saúde, a médica é formada pela Universidade de Ribeirão Preto, realiza atendimentos ambulatoriais e procedimentos nos hospitais Cruz Azul e São Cristovão, além de também fazer parte do corpo clínico dos hospitais São Luiz, Pró Matre, Santa Joana e Santa Maria Pinho.
*DR. DANIEL CASSIANO: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Cofundador da clínica GRU Saúde, o Dr. Daniel Cassiano é formado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Doutorando em medicina translacional também pela UNIFESP. Professor de Dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo, o Dr. Daniel possui amplo conhecimento científico, atuando nas áreas de dermatologia clínica, cirúrgica e cosmiátrica.