Infectologista esclarece dúvidas já que estamos em campanha de vacinação contra a COVID-19 também
O começo do outono traz as variações de clima e é, usualmente, o período ideal para a vacinação contra a gripe, já tradicional no calendário de vacinação do Brasil. A escolha dessa época se deve ao tempo necessário para que o paciente esteja com a imunização ativa, segundo o médico infectologista Jaime Rocha, diretor de Prevenção e Promoção à Saúde da Unimed Curitiba e responsável pela Unimed Laboratório. “É uma média de 2 a 3 semanas que a vacina contra a gripe leva para imunizar. Por isso, é importante tomá-la antes de iniciar o inverno”, indica.
O infectologista reforça a importância dessa imunização como prevenção contra hospitalizações desnecessárias, especialmente neste momento de colapso da saúde, e lembra que “a vacina é composta por fragmentos dos vírus, ou por vírus mortos e, por isso, não causa gripe. Tampouco ela dá, em geral, sintomas de desconforto, as reações são bastante individuais e algumas pessoas podem apresentar febre, mal-estar e um pouco de dor no local da aplicação. Quem tomou a vacina contra a gripe em 2020 não está mais protegido e precisa se vacinar este ano sim, pois a imunização tem validade de 6 meses a 1 ano. Além disso, a composição é alterada anualmente de acordo com as cepas de vírus prevalentes”.
A vacina contra a gripe é indicada para todas as pessoas, de acordo com Rocha, exceto para bebês com menos de 6 meses de idade. Crianças de até nove anos, que nunca tomaram a vacina, devem tomar duas doses”. Ou seja, como regra geral, não há contraindicação. A recomendação do especialista é, para quem estiver com febre, aguardar a resolução do processo para receber a vacina. Já as pessoas tomando antibiótico devem conversar com o seu médico e seguir as orientações específicas de cada caso. O mesmo vale, segundo ele, para quem está com imunodepressão natural ou medicamentosa, e quem tem alergia comprovada ao ovo, falar com seu médico é fundamental.
Como o Brasil também está no processo de vacinação contra a COVID-19, e entra agora paralelamente o calendário da vacinação contra a gripe, é normal surgirem dúvidas. Confira esclarecimentos do médico Jaime Rocha para seis questões frequentes sobre ambas as vacinas.
1) Quem já tomou a vacina contra a COVID-19 pode tomar a vacina da gripe?
Sim, pois se tratam de vírus diferentes. A vacina da gripe é eficaz contra os vírus H1N1, H3N2 e Influenza B. Pacientes que já tenham tomado a vacina contra a COVID-19 podem tomar a vacina da gripe a qualquer momento, porém alguns especialistas recomendam aguardar 14 dias. Este é um assunto ainda em debate, o paciente deve consultar seu médico em caso de dúvidas. Se houver a necessidade de outra vacina antes de 14 dias (exemplos: cortou o pé e precisa de anti-tetânica, ou foi mordido por cachorro e precisa da anti-rábica, especialistas do CDC recomendam fazer a vacina, mesmo com menos de 14 dias.
2) A vacina contra a COVID-19 protege contra a gripe?
Não. A vacina da COVID-19 não protege contra a Influenza, da mesma forma que a vacina da gripe não protege contra a COVID-19, pois são vírus diferentes.
3) A vacina contra a gripe protege contra a COVID-19?
Não, mas ela é importante para evitar as complicações da gripe comum e a possível necessidade de ir a um pronto-atendimento, local no qual as pessoas estão mais expostas ao novo coronavírus. Além disso, a vacinação é importante para que o diagnóstico da COVID-19 seja mais rápido e preciso ao descartar a possibilidade de ser gripe.
4) Quem já teve COVID-19 pode vacinar contra a gripe?
Sim. Neste caso a recomendação é aguardar 30 dias do início do quadro de COVID-19 para tomar a vacina da gripe.
5) Quem não faz parte dos grupos prioritários, podem/devem se vacinar para ambas?
Sim, pode e deve se vacinar.
6) Além da vacina, que outras medidas preventivas podem ser tomadas contra a gripe?
Basicamente as mesmas medidas que já tomamos contra a COVID-19, isso é igual. Higienização adequada das mãos, lavando-as frequentemente com água e sabão e utilizando álcool gel em situações de maior risco. Diagnosticar precocemente as pessoas infectadas com a gripe para que elas não tenham contato com pessoas saudáveis e evitem, assim, a disseminação do vírus. Manter os ambientes ventilados e consumir mais água que o habitual.