O Paraná superou em 14% o valor das exportações neste primeiro semestre com relação ao negociado no mesmo período de 2020. Foram mais de US$ 9 bilhões em mercadorias vendidas para fora do país, de janeiro a junho deste ano, contra US$ 8 bilhões no mesmo intervalo do ano passado. As importações também registraram forte crescimento no primeiro semestre de 2021, com alta de 38% na comparação com os primeiros seis meses do ano anterior. Passaram de US$ 5,7 bilhões para US$ 7,9 bilhões agora. A alta acentuada alterou o saldo da balança comercial paranaense, que embora tenha fechado o semestre com resultado positivo de US$ 1,206 bilhão, ficou 47% abaixo do registrado no primeiro semestre de 2020, em US$ 2,282 bilhões.

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Para o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe, alguns fatores podem justificar os números divulgados esta semana pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia. Um deles é a oscilação na taxa média de câmbio neste primeiro semestre ano, que ficou em R$ 5,385 para cada dólar. O real teve depreciação de 9,4% em relação ao valor aferido no primeiro semestre do ano passado, que foi R$ 4,923. “A taxa de câmbio mais alta estimula a venda de produtos no mercado externo e torna o produto brasileiro mais competitivo”, avalia.

A indústria de transformação aumentou a participação na pauta de exportações do Paraná. O setor representava 65% do total de mercadorias comercializadas pelo estado para o exterior nos primeiros seis meses de 2020. Agora já ultrapassou os 70%. Em números, foram U$ 6,4 bilhões vendidos no mercado internacional, de janeiro a junho de 2021, contra US$ 5,2 bilhões no mesmo período do ano passado. Alta de 23% no valor exportado no período.

O produto que mais se destaca neste primeiro semestre é soja (US$ 3,3 bilhões), que representa 36% da pauta de exportações do Paraná. Em seguida vem carnes – bovina, aves e suínos (US$ 1,4 bilhão), que responde por 15% do total. Seguido por madeira (US$ 842 milhões e 9%) e material de transporte (US$ 738 milhões e 8%). “Esses quatro grupos de produtos respondem juntos por 69% de tudo que é vendido pelo Paraná no mercado externo. No ano passado, os mesmos itens somavam 66% do total, ou seja, houve um crescimento este ano”, explica o economista da Fiep.

Entre os destaques em valores exportados no comparativo deste primeiro semestre com o mesmo período de 2020, chama a atenção o crescimento de 105% do setor moveleiro, da madeira (73%), de carnes (56%), e material de transporte (52%). “As exportações de madeira têm como principal destino os Estados Unidos, para onde foram 57% da exportação estadual desse produto neste ano. No ano passado, este valor era de 48%. A recuperação mais forte da economia mundial, principalmente nos mercado norte-americano, China e Europa, podem ter favorecido este movimento”, analisa Thiago Quadros, também economista da Federação.

Importações

Outro comportamento que pode justificar o resultado da atividade de comércio exterior no primeiro semestre é a recuperação do mercado interno. “Mesmo com a oscilação cambial, a produção industrial vem registrando crescimento desde o segundo semestre do ano passado. Dessa forma, a compra de insumos importados utilizados na produção também tende a subir para atender à demanda de consumo. E isso pode explicar o aumento significativo nas importações paranaenses, mesmo com a oscilação do câmbio”, analisa Quadros.

No setor automotivo, por exemplo, 60% das peças utilizadas pelas montadoras são importadas. Material de transporte, que é o segundo item mais importado pelo Paraná, registrou alta de 42% (US$ 1,1 bilhão) este ano na comparação com o realizado de janeiro a junho do ano anterior. O valor representa 14% da pauta de importações do estado. Só perde para produtos químicos (US$ 2,3 bilhões ou 29% da pauta), que no mesmo período teve alta de 34%. O terceiro item mais adquirido fora foi petróleo (US$ 895 milhões e 11% das compras externas). Cresceu 30% em relação ao registrado no primeiro semestre de 2020. Vale registrar ainda a alta de 38% na compra de produtos mecânicos (US$ 809 milhões) e de 43% em materiais elétricos e eletrônicos (US$ 769 milhões). Ambos representam em torno de 10% cada um do total importado pelo estado.

Quadros avalia que há um descompasso entre o crescimento mais acelerado das importações (38%) frente as exportações (14%) impactando no saldo da balança comercial, que ficou 47% menor do que o registrado no primeiro semestre do ano passado. “Naquela época as importações foram reduzidas por conta da pandemia. Com o tempo esta diferença tende a se ajustar, equilibrando o saldo final da balança, que ainda é bem positivo aqui no estado”, conclui.

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