Marli Turetti Rabelo Andrade (*)
O trabalho e a Educação são atividades desempenhadas especificamente pelos seres humanos, bem como as reflexões e questionamentos sobre os vínculos entre o trabalho e a Educação que, ao longo do tempo, apontaram para a sociedade contemporânea. Assim chegamos a um ajuste do sistema de ensino e aprendizagem, por exigência do presente momento e tendo a tecnologia como uma realidade, transformando os homens conforme a natureza de suas necessidades.
Segundo Aristóteles, a racionalidade é um atributo do homem que revela a natureza humana em relação aos demais animais. Ao longo de nossa história detivemos a dinâmica intelectual que foi se manifestando por meio da experiência no trabalho, assumindo a capacidade de raciocinar diante dos problemas e das soluções do cotidiano. Nesse comprometimento de trabalho – e para que também participassem – surgiu a necessidade de transmitir os ensinamentos aos filhos, a família e a comunidade.
Para diversificar os produtos e o aprendizado, o desenvolvimento cultural, religioso, de costumes e crenças, foram estabelecidos conjuntos de habilidades e formas de comunicação. Com a experiência e a convivência passamos a criar traços característicos e identidades de indivíduos e grupos. Ao produzir seu meio de vida, sua ação sobre a natureza, seu próprio alimento, sua roupa e calçados, entre tantos outros exemplos, produzimos também a própria formação e o desenvolvimento de um processo educativo. Disso caminhamos para o desenvolvimento de conhecimento e tecnologia nesse complexo processo histórico.
Entre as contradições da própria existência, conquistamos um processo educativo que foi se realizando, de geração em geração, até alcançar um conhecimento que especializa o trabalho. O próprio desenvolvimento e a diversificação da produção geraram a necessidade da divisão do trabalho, rompendo a unidade de comunidades e iniciando a apropriação e divisão do processo de trabalho. A produção e reprodução de objetos contribuiu para sistematizar a educação, criando diferenças teóricas e práticas a partir da evolução do trabalho escravista e feudalista, passando para a geração do capitalismo.
A maquinaria que veio com a Revolução Industrial transformou o trabalho intelectual em Ciência. Nos séculos XVIII e XIX passaram a existir as chamadas qualificações específicas, por exigência da criação e operação das máquinas, afinal elas precisam de reparos, domínio e habilidade intelectual que só nós temos.
Como superar e transformar a habilidade intelectual do ser humano em aptidão material, influenciando a transformação social por meio da tecnologia? Já vivemos antes o complexo dilema do desenvolvimento tecnológico – e no momento estamos diante dele novamente. Como superar a relação do desenvolvimento do trabalho, da Educação e da Cultura no modo capitalista para uma formação integral do ser humano, aquela que pode proporcionar uma liberdade nunca vista? Essa resposta ainda estamos construindo.
(*) Marli Turetti Rabelo Andrade é doutoranda em Educação e professora da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional UNINTER