A vida e a morte das estrelas

Hugo Henrique Amorim Batista (*)

Ao olharmos para o cรฉu, na procura da compreensรฃo e do esplendor celeste, nos deparamos na maioria das noites com pequenos pontos brilhantes que parecem colados em um manto negro. Procuramos planetas, investigamos constelaรงรตes e tentamos montar o seu desenho.

Um dos primeiros movimentos รฉ, sem dรบvidas, tentar encontrar a sua constelaรงรฃo zodiacal na abรณboda celeste e, pode ter certeza, que ela estรก lรก. Mas quando focamos nas fases da vida de uma estrela, podemos perceber que, a partir da sua formaรงรฃo, a estrela estarรก fadada a lutar freneticamente com a gravidade (que a fez surgir e tende a destruรญ-la).

Como surge uma estrela? Temos uma nuvem gasosa muito extensa (com um mรญnimo de tamanho sendo do Sistema Solar), com baixa temperatura e amplamente dispersa. A gravidade comeรงa a unir tais componentes em um centro, rotacionando e adquirindo temperatura. Nesse ponto a termodinรขmica comeรงa a entrar em aรงรฃo e o fluxo de calor cria um โ€œembriรฃoโ€ de gases aquecido, o que a ciรชncia denomina como proto-estrela. Milhรตes de anos depois, essa protoestrela, se tiver massa o suficiente, inicia o processo de fusรฃo nuclear e, finalmente, nasce a estrela.

Ao longo da sua vida, ela vai utilizando os gases do seu inรญcio de vida e comeรงa a consumi-los gradativamente, convertendo Hidrogรชnio em gรกs Hรฉlio. Esse perรญodo โ€œtranquiloโ€ (onde o fluxo termodinรขmico de calor se mantรฉm estรกvel com a aรงรฃo gravitacional), รฉ representado como consequรชncia principal na vida de uma estrela.

Dependendo da sua massa, existem trรชs finais possรญveis para a vida de uma estrela. Se a massa for pequena (inferior a massa solar) a estrela se apaga gradativamente sendo vencida pela gravidade e tornando-se uma anรฃ negra. Se a massa for de 0,8 M0 < M0 < 7,8 M0 (onde M0 รฉ a denominaรงรฃo da massa solar), a estrela comeรงa a consumir o gรกs Hรฉlio, expandindo a sua camada em atรฉ 500 vezes o tamanho original, tornando-se uma gigante vermelha. Em seguida, a aรงรฃo termodinรขmica expele a camada externa de Hidrogรชnio, mantendo um โ€œcaroรงoโ€ de Hรฉlio exposto, aquecendo a nuvem expelida e brilhando como uma nebulosa planetรกria, atรฉ que a anรฃ branca (caroรงo) se apague, fazendo surgir uma anรฃ negra. Uma estrela com a massa superior a 8 massas solares implode, liberando uma densa quantidade de energia, fazendo com que essa estrela brilhe mais do que a prรณpria galรกxia, que รฉ conhecida como Super Nova, tipo 2.

Os sistemas acima eram para estrelas solitรกrias, porรฉm algumas vivem em pares, fazendo uma danรงa cรณsmica fatal. Uma das estrelas, gradativamente torna-se uma anรฃ branca e comeรงa a absorver a massa de sua companheira (geralmente uma gigante vermelha), fazendo com que o material da gigante vermelha rotacione ao redor da anรฃ branca, aquecendo e mergulhando gradativamente na estrela, atรฉ que a instabilidade detone essa estrela em uma super ova denominada tipo 1a.

Essas condiรงรตes acima, mostram os tipos de mortes possรญveis das estrelas, porรฉm as de grande massa podem ser convertidas em elementos exรณticos, como estrela de nรชutrons, ou atรฉ mesmo buracos negros, sendo essa a morte definitiva de uma estrela.

O universo apresenta diversas curiosidades e nem todas elas sabem explicar o porquรช, porรฉm รฉ fascinante a forma com a qual a estrela se apresenta com todo seu esplendor, mesmo mediante a sua morte.

(*) Hugo Henrique Amorim Batista รฉ especialista em Educaรงรฃo e professor da รกrea de Exatas do Centro Universitรกrio Internacional Uninter

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