Mortes por choque elétrico foram maiores que mortes em incêndios por sobrecarga. Dispositivo DR, que evita instantaneamente estes incidentes, é recomendado por especialista.
Engenheiro Eletricista Fábio Amaral mostra DR em um quadro elétrico residencial. Dispositivo interrompe choque elétrico.
Os acidentes com energia elétrica, abrangendo choques elétricos, incêndios por sobrecarga e descargas atmosféricas (raios), atingiram a marca de 759 ocorrências no primeiro semestre de 2021 – e 402 mortes –, segundo dados recentes da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel). Somente os choques somaram o número de 441, resultando na perda de 355 vidas – 86 pessoas conseguiram se recuperar.
Os dados revelam uma tendência de aumento comparado com 2020, quando foram apontados 741 acidentes e 398 óbitos, mas ainda menor que o ano de 2019, por exemplo, com 826 ocorrências e 434 notas de falecimentos. E, para agravar ainda mais a situação, há um dado bem preocupante: as mortes por choque elétrico foram maiores do que as mortes em incêndios por sobrecarga.
De acordo com a pesquisa da Abracopel, grande parte dos acidentes com choques elétricos ocorreram nas residências, local que, teoricamente, as pessoas se sentem mais seguras. Conforme o levantamento, foram dentro dos lares 133 acidentes e 116 mortes. Em 2020, foram 127, ao todo; e, em 2019, 138.
Dado que o primeiro semestre de 2021 trouxe a flexibilização do isolamento social e que a vacinação esteja caminhando a passos largos, as pessoas estão passando mais tempo fora de casa. “No ano passado, como muitas empresas adotaram o teletrabalho, foi possível que os cidadãos olhassem mais de perto os problemas da casa, observando as situações de risco e fazendo os consertos necessários”, explica o diretor-executivo e engenheiro da Abracopel Edson Marinho.
Em sua perspectiva, é por isso que os acidentes não aumentaram. “Mas agora estão voltando”, diz Marinho, que alerta: é preciso prestar atenção em detalhes banais, como, por exemplo, tomadas, fios soltos, extensões, entre outros.
Outro contratempo está nas instalações elétricas de residências mais antigas, que possuem somente fusíveis ou disjuntores para a proteção, como explica Fábio Amaral, engenheiro eletricista e diretor da Engerey, empresa curitibana especializada na montagem de painéis elétricos que atende todo o Brasil.
“Atualmente, para interromper o perigo de choques elétricos, existem equipamentos como o Diferencial Residual, também conhecido como DR, capaz de evitar fugas de energia em um circuito elétrico, que pode acontecer em choques elétricos, fios desencapados, condutores mal isolados ou em contato com carcaças. Detectando anomalias na rede elétrica, o dispositivo desliga imediatamente o circuito, evitando agravamento do choque elétrico”, garante Amaral.
Crianças e idosos
Todo mundo sabe que a tomada é sinônimo de perigo para as crianças. No entanto, o estudo da Abracopel traz uma informação interessante: idosos também são as principais vítimas de acidentes domésticos envolvendo eletricidade. “Portanto, dentro das residências, a recomendação é que a atenção seja redobrada, essencialmente com crianças pequenas e idosos. A situação das instalações elétricas das casas deve ser um ponto prioritário na vida das pessoas: a maioria das casas construídas há mais de 20 anos não possui capacidade para ‘aguentar’ a quantidade de equipamentos que temos”, observa Amaral.
O uso do DR é obrigatório desde 1997, de acordo com o item 5.1.3.2.2 da Norma Brasileira (NBR) 5410, nos seguintes circuitos: que servem a pontos de utilização situados em locais que contenham chuveiro ou banheira; que alimentam tomadas situadas em áreas externas à edificação e em ambientes internos, que possam vir a abastecer equipamento em área externa; e que servem a pontos de utilização localizados em cozinhas, copas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e demais dependências internas, normalmente molhadas ou sujeitas a lavagens constantes.
Confira as dicas de procedimentos e atitudes da Engerey Painéis Elétricos, que podem minimizar os riscos de envolvimento com acidentes elétricos:
- Ter um DR no quadro elétrico. Este equipamento desarma a rede elétrica quando uma fuga de corrente elétrica é detectada, evitando choques;
- Na área profissional, utilizar equipamentos certificados conforme as normas da ABNT, como a NBR 16384/2020;
- Em caso de manutenções, contratar o serviço de um profissional experiente e habilitado na área;
- Não fazer “gambiarras”;
- Nunca deixar equipamentos elétricos perto da água;
- Manter o quadro de energia sempre em ordem;
- Evitar usar o celular enquanto ele está carregando.