Educação financeira: o que preciso X o que quero

Renata Burgo Fedato (*)

É muito comum vermos familiares afirmando que as crianças não têm noção do valor do dinheiro, pois “acham que dá em árvore”! E lhes pergunto: por que não poderiam achar isso, afinal de contas, nunca veem o dinheiro em suas mãos e não sabem seu real valor, não é mesmo?

Atualmente, o dinheiro está de forma ainda mais abstrata, principalmente por estarmos em uma era em que o dinheiro físico quase não é mais utilizado, dando espaço aos cartões, pagamentos automáticos e instantâneos, entre tantas outras formas. Se voltarmos um pouco no passado, veremos que as crianças iam até uma vendinha para comprar balas, biscoitos, bolinhas de gude, com suas moedinhas em mãos. Hoje já não é mais assim.

E então, como criarmos a consciência em nossas crianças de que o dinheiro tem valor, que podemos poupar e, ainda mais, que é possível “aumentar” seu dinheiro quando se economiza?

Num trabalho de responsabilidade coletiva, família e escola devem atuar juntas demostrando às crianças que é diferente o “querer” do “precisar”. Esses dois verbos devem ser analisados de forma conjunta, evidenciando que todos nós pertencemos a uma sociedade do consumo e queremos muito, mas muitas vezes não precisamos daquilo que queremos.

Trabalhar estas duas questões “precisar” e “querer” é papel dos pais, com apoio da vivência escolar e de projetos de educação financeira que evidenciem às crianças que o dinheiro, ao ser poupado, pode resultar em um grande projeto necessário e que também, de forma consciente, pode atender ao que queremos.

O velho porquinho de porcelana que havia como tradição nas famílias atualmente já não é mais símbolo de economia. Entretanto, quando falamos de educação de crianças em desenvolvimento das percepções abstratas, deve-se ter o concreto, no caso, o dinheiro como representação física, do valor que corresponde. Por isso, a dica de ter o porquinho em casa, um pote em que se juntam as moedas, ou até mesmo os minis cofres, já possibilitam a ideia de que ao guardar, economizar, o dinheiro rende.

Além disso, conversar sempre abertamente com as crianças sobre a satisfação imediata dos nossos desejos é extremamente necessário. Quantos adultos não conseguem frear seus desejos instantâneos e acabam se afundando em dívidas? Certamente, despertar nos pequenos o autocontrole é sem dúvida uma das maneiras de incidirmos sobre nossos instintos de satisfação imediata.

Outra forma de auxiliar na consciência econômica e financeira de nossas crianças, é a possibilidade de participar de suas compras, como no lanche da escola, discutindo a relação entre qualidade e quantidade, ou até mesmo no velho hábito da mesada, que pode ser uma forma de refletir sobre o ganho de dinheiro mês a mês.

Enfim, diversas atitudes do nosso dia a dia devem conscientizar as crianças, tanto na escola, como na sociedade, para que o dinheiro não tenha, nem mesmo uma supervalorização e, também, que não perca o valor diante de atos imediatistas e consumistas.

Não deixe de conversar com a escola e com seu filho, para que a consciência financeira seja efetiva em nossos futuros adultos, conscientes do valor do dinheiro, do ato de poupar e aplicar. Quem sabe, não tenhamos em nossas famílias, futuros empreendedores de sucesso?

(*) Renata Burgo Fedato é professora da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter

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