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Monstros da economia voltam a assombrar brasileiros

Márcia Helfenstein Koch é diretora de Negócios da Sicredi Iguaçu PR/SC/SP. Créditos: Divulgação.

*Márcia Helfenstein Koch

A economia brasileira tem uma “fauna” própria, bastante simbólica e muito popular. Quem não associa o leão ao imposto de renda? O que dizer do dragão da inflação? Esse animal imaginário com apetite para juros altos e preços estratosféricos que já atormentou gerações despertou com disposição renovada para ameaçar o orçamento doméstico, minar o poder de compra e comprometer os planos do consumidor para o futuro.

Professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, o economista Nicholas Gregory Mankiw define a inflação desta forma: “Aumento generalizado do preço médio de produtos e serviços em um determinado intervalo de tempo.” Trocando em notas menores, a inflação é a alteração (aumento) no valor de determinado bem ou serviço dentro de um curto ou médio prazo.

Entre os anos 1980 e 1990, o dragão da inflação escapou de todos os domadores econômicos e provocou estragos sem precedentes no País. Nesse período, foram colocados em prática sete planos econômicos que se mostraram insuficientes – e por vezes inócuos – para conter a voracidade do “monstro”. Em 1994, a partir do Plano Real, o dragão recolheu-se para um longo cochilo.

Mas em 2020, a fome do dragão, novamente despertou, pôde ser medida pelo IPCA. O índice que aponta a variação do custo de vida médio de famílias brasileiras com renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos, fechou em alta de 4,52%. Em abril de 2021, o Painel de Indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou uma inflação de 0,31%, com 6,76% no acumulado de 12 meses. Em agosto, a mordida foi ainda mais vigorosa: 0,89%, a maior em 19 anos. O acumulado do ano chegou a 9,30%.

O surgimento da inflação – ou o aumento do apetite do dragão – está associado a vários fatores. Os economistas costumam destacar entre as causas a chamada “lei da oferta e da demanda”. É quando os consumidores estão dispostos a gastar mais e têm recursos para fazerem isso. Logo, é natural que os preços subam. Há ainda a diminuição da oferta, que aumenta os preços para quem vai ao supermercado. Também os fatores naturais, como a seca, amargam o valor dos alimentos para o consumidor final.

Os pesos pesados da inflação no bolso do consumidor em agosto deste ano foram muitos. Mas merecem destaque a moradia, os transportes, puxados pelos combustíveis, o gás de cozinha, as contas de luz, os alimentos e as bebidas. Sobre os alimentos, vale a pena observar também os fatores externos que contribuíram para o patamar elevado de preços. E aqui se incluem o aumento do dólar e a ampliação da demanda por produtos agrícolas no mercado internacional, que também interferiu no aumento dos valores.

O controle da inflação depende de soluções públicas. A vacinação, por exemplo, é fundamental para que a economia retome sua rotina produtiva. Também o aumento da taxa Selic, medida que o Banco Central vem utilizando, causa desaquecimento da demanda e, potencialmente, “acalma” a inflação.

As soluções pessoais, da mesma forma, são fundamentais em tempos inflacionários. A primeira resolução consiste em ajustar o orçamento doméstico mensal, cortando da lista itens menos importantes para não comprometer o salário. Quando a necessidade, mãe de todas as soluções, pede um complemento de renda, recomenda-se avaliar todas as opções que representem trabalho extra com possibilidade de ganhos. Os investimentos em ativos que garantam retorno acima da inflação devem ser observados com critério e, sempre que possível, sob a orientação de um especialista.

O consumidor brasileiro, definitivamente, não quer a inflação corroendo os sonhos presentes e os planos futuros. Mas à medida que o dragão teima em se tornar um “bicho de estimação” no País, é preciso vigiá-lo, precavendo-se de sua mordida em todas as decisões que tomarmos no dia a dia.

 

*Márcia Helfenstein Koch é diretora de Negócios da Sicredi Iguaçu PR/SC/SP

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