Praticar exercícios físicos usando máscara é prejudicial à saúde?

Eduardo Emilio Lang Marés da Costa (*)

Em muitas regiões do Brasil a prática de exercícios físicos foi estimulada com a reabertura de academias, parques e clubes após o avanço da vacinação. Porém, com os casos de Covid-19 ainda elevando as estatísticas a dados alarmantes, ainda não é o momento para ignorar a máscara facial como medida de proteção. Mesmo em situações de atividades individualizadas como corridas e pedaladas, a chance de aproximação a outras pessoas para um diálogo, ou uma pausa, não está descartada.

Mas mesmo cientes da continuidade dessa importante medida de prevenção sanitária, muitas pessoas questionam a utilização de máscaras durante uma sessão de treinamento devido a existirem vários rumores em relação à sua utilização. O mais disseminado está relacionado com a dificuldade de respirar durante o período de maior esforço. Tal inquietação está associada ao desconforto gerado naquele momento em que a frequência respiratória se eleva e a captação do ar é reduzida. Boatos associaram esse desconforto a um eventual prejuízo cardíaco, uma vez que poderia haver sobrecarga do coração.

Porém, dois pesquisadores da Região Sul, no estudo “COVID-19 e a propagação de fake news sobre a contaminação pelo dióxido de carbono com ouso de máscaras faciais: Um estudo de reflexão” que foi publicado em agosto deste ano, mostraram evidências de que o único risco gerado durante a prática de exercícios com a máscara é para pessoas com cardiopatias preexistentes. E, veja bem, a maior preocupação está relacionada à condição apresentada pela pessoa e não devido à utilização da máscara. Outro ponto levantado é a temperatura na região do nariz e lábios (rosto), uma vez que a mesma pode ser elevada em até 1°C. Contudo, segundo publicação na Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde com o “Ponto de vista dos profissionais de Educação Física sobre o uso da máscara facial durante o exercício físico na pandemia da COVID-19”, não há registros de que esta condição possa trazer algum dano à saúde.

Como todo processo de iniciação a uma nova rotina, existem alguns desafios a serem cumpridos e um deles é a persistência na utilização do acessório que tivemos que incorporar ao vestuário. O item tornou-se indispensável em nosso cotidiano, então na prática de exercícios físicos não deve ser diferente. Para que a adaptação seja mais confortável e proveitosa é importante lembrar que a máscara deve estar de acordo com o formato do seu rosto, o tecido deve ser de fácil higienização, a lavagem da mesma deve acontecer de forma periódica e, se possível, o ideal é ter à disposição, além da que está sendo utilizada, mais duas máscaras. Afinal, é de suma importância a troca das mesmas após longos períodos de utilização.

Cor, desenho, enfeite ou marca ficam a seu critério, porém o que não pode faltar é a proteção para a sua saúde e investimento em relação à adaptação, atenção e paciência para incorporar o hábito e vivenciar da melhor maneira esta situação. Se por algum momento você precisar retira-la para respirar melhor, o faça com o máximo de distanciamento das outras pessoas e, assim que recuperar o fôlego, rapidamente a coloque novamente, Sempre encostando apenas nos elásticos.

É importante lembrar do motivo de tudo isso: a máscara diminui a incidência de casos ocasionados pelo novo coronavírus e sua utilização se faz necessária em todos os ambientes que frequentamos, inclusive no local de treino e ao ar livre. Sendo assim, usar a máscara também durante as atividades físicas permanece imprescindível enquanto o vírus está por aí e não estamos imunizados em massa.

(*) Eduardo Emilio Lang Marés da Costa é especialista em Fisiologia e Prescrição do Exercício. Atua como professor de Linguagens Cultural e Corporal nos cursos de Educação Física (Licenciatura e Bacharelado) do Centro Universitário Internacional UNINTER

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