Não permita que a emoção provocada pelo Natal passe. Aproveite para conhecer e se envolver verdadeiramente com as pessoas em situações de vulnerabilidade.
Fabiana Kadota Pereira (*)
“Um clima de sonho se espalha no ar…. Pessoas se olham com brilho no olhar… A gente já sente chegando o Natal…”
Ah o Natal! A chegada do mês de dezembro já muda o clima e espalha no ar aquele cheirinho de festa. As cidades se transformam com luzes, presépios e decorações natalinas. As árvores de Natal são decoradas com nomes de crianças carentes. O correio começa a receber as famosas cartas para o Papai Noel.
A comunidade, motivada pelo tal “espírito natalino” e impulsionada por propagandas, campanhas e festas beneficentes, é convidada a visitar abrigos, casas de idosos e hospitais, entre outros. As pessoas se mobilizam para fazer o “bem”, ser solidárias.
Não resta dúvida de que o Natal é uma data maravilhosa e inspiradora, mas a certeza maior é de que o amor ao próximo deve ser ininterrupto. Por que a maioria das pessoas esquece que existem outros onze meses no ano, de muita dor, luta e abandono? Ser solidário na emoção das festas natalinas pode significar um momento de empatia momentânea e levar a uma ação assistencialista, sem que haja um comprometimento verdadeiro com o outro.
O que é o Natal para você? O nascimento de Jesus, um homem que ensinou o bem, a caridade e o amor sem olhar a quem ou a chegada do Papai Noel, o bom velhinho que traz presentes e deixa embaixo das árvores lindamente decoradas?
Nada contra a presença do Papai Noel que encanta as crianças com sua risada contagiante, mas é preciso provocar a reflexão: como você se relaciona com essa data? Você faz parte da massa que mobiliza grupos de família, vizinhos e colegas de trabalho para arrecadar brinquedos, alimentos e roupas? Ou faz a sua parte comprando roupa, calçado e o brinquedo da criança que estava com o nome na árvore de Natal do shopping?
Segundo o professor e filósofo Mario Sérgio Cortella, “estar satisfeito consigo mesmo é se considerar terminado e constrangido ao possível da condição do momento”. Esta frase nos faz refletir se estamos nos deixando apenas contagiar pelo momento de grande euforia e pela condição da data especial, correndo o risco de retomarmos ao espírito mágico do Natal apenas no próximo mês de dezembro, quando seremos novamente expostos ao “constrangimento”.
Não permita que a emoção provocada pelo Natal passe. Aproveite para conhecer e se envolver verdadeiramente com as pessoas em situações de risco e vulnerabilidade. O Natal pode ser apenas o início da sua caminhada como voluntário de uma ONG, associação, igreja ou abrigo, entre outras instituições, pelos próximos onze meses do ano.
Afinal, já diz a canção: “Se a gente é capaz de espalhar alegria… Se a gente é capaz de toda essa magia… Eu tenho certeza que a gente podia fazer com que fosse Natal todo dia”.
*Fabiana Kadota Pereira – voluntária na Ong “Respeito não tem cor” https://www.instagram.com/ongrespeitonaotemcor/ é especialista em Recreação e Lazer e professora da Área de Linguagens Cultural e Corporal nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter.