A Cultura do Cancelamento

Cicero Bezerra (*)

 

O termo “cancelamento” é um dos mais visitados atualmente nos órgãos de comunicação, tendo em vista sua força nas redes sociais.

 

Você pode ser cancelado por uma opinião que tenha dado há vários anos, por uma ação que foi reportada e gravada em determinada época da sua vida e que tenha sido registrada na internet.

 

Temos o caso atual de um deputado que se pronunciou de forma sexista sobre as mulheres que estão sofrendo na guerra da Rússia contra a Ucrânia. Um comentário maldoso repercutiu de tal forma que minou a carreira política desse parlamentar.

 

Uma celebridade que perca o controle de suas publicações pode acarretar prejuízos milionários. Na Inglaterra, o primeiro-ministro passou apertado para explicar à população a respeito de uma festa que foi proporcionada durante o ponto alto da pandemia.

 

É possível “cancelar” as pessoas da nossa vida? Os relacionamentos são marcados por emoções, compromissos, laços fraternos e convivência. De uma hora para outra, não é possível conviver com a ideia de que aquela pessoa nunca tenha existido. A cultura midiática tem muita força, mas não apaga os gestos singelos de uma amizade.

 

É possível denegrir a reputação de uma pessoa, com uma publicação mal-intencionada? Sim, é possível. Indivíduos com interesses dúbios podem aniquilar a carreira de uma pessoa. As calúnias sempre existiram, os depoimentos falsos sempre aconteceram, mas, atualmente, eles transitam numa velocidade impressionante. Até a pessoa provar que as notícias são falsas, muita coisa já aconteceu.

 

As injustiças podem acontecer. Um grupo de estudantes, por não gostar de uma professora, distorceu um depoimento dela, acusando-a de racismo. A professora nega e, dentro do contexto, a fala dela não menciona a questão do racismo. Injustiça praticada por pessoas mal-intencionadas.

 

Respeite a privacidade das pessoas. Não seja um indivíduo que vive à procura das fragilidades dos outros para expô-las publicamente.

 

Tome cuidado com suas postagens nas redes e mídias sociais, pois, caso não sejam bem fundamentadas, podem se voltar contra você.

 

Seja precavido para quem você envia suas mensagens de vídeo ou de áudio, nunca se sabe qual será o uso dessas mídias que a outra pessoa irá fazer.

 

Respeite sua família, preservando sua privacidade. Não exponha seus filhos, muitos apresentam sem nenhuma precaução suas crianças nas redes sociais.

 

*Cicero Bezerra é doutor em Teologia. Coordenador da área de Humanidades da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.