Taxa Selic a 11,75%: em que isso impacta na vida do cidadão?

Financiamentos, empréstimos, juros do cartão de crédito e até investimentos – especialista em mercado financeiro fala sobre o lado positivo e negativo deste número tão assustador

A taxa Selic fechou a 11,75% no dia 16 de março – seu maior patamar dos últimos anos. O que significa essa taxa? “O anúncio da Selic é feito pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Ela é a taxa de juros mais importante do mercado, usada como referência para a economia nacional. O valor é calculado a partir da taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia para títulos federais, ou seja, é a média dos juros que estão sendo aplicados pelos bancos e instituições financeiras”, explica o especialista em mercado financeiro e sócio da Valore Elbrus, Anderson Peres.

Mas por que ela aumentou tanto?

“Ela é um instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Hoje passamos por um período de descontrole da inflação devido ao aumento dos preços, principalmente da energia e dos alimentos. Com a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia, aliada aos novos casos de COVID-19 na China, os preços do petróleo e insumos agrícolas subiram de forma substancial e, como o Brasil é dependente e importador de alguns destes insumos, há o repasse para os preços internos e, consequentemente, o aumento da inflação. Para conter este aumento, o governo precisa desestimular o consumo e, com isso, forçar uma queda. Para tanto, o aumento de juros é a principal política do Banco Central, pois, se a taxa Selic sobe, as pessoas são desestimuladas ao consumo, por conta dos juros de cartão de crédito, cheque especial e empréstimos e, assim, com baixa procura, os preços tendem a baixar”, cita de forma didática, Peres.

Mas, como essa taxa influencia na vida do cidadão?

“Depende do cenário em que o cidadão se encontra. Se ele estiver precisando se financiar e tomar empréstimos nas instituições financeiras, neste momento ele pagará mais do que a uns anos atrás, por exemplo, em um financiamento imobiliário ou no cheque especial. Além disso, outra preocupação é que com o consumo desestimulado, pode haver desemprego e um encolhimento da economia. Porém, o cidadão que que tem dinheiro e quer poupar, poderá se beneficiar com as elevadas taxas. Hoje o mercado apresenta excelentes oportunidades de renda fixa com risco muito baixo”, explica o especialista.

Nos investimentos, os cenários de curto e médio prazo, mostram um cenário positivo para a renda fixa. As previsões indicam uma inflação em torno de 6,45%, o que reflete uma continuidade do ciclo de aumento de juros, podendo chegar até o final do ano em 12,75% de acordo com o último Boletim Focus. Com isso, há uma variedade de ativos para o investidor, como: títulos públicos vendidos por meio do Tesouro Direto, CDBs (Certificado de Depósito Bancário), LCI (Letras de Crédito Imobiliário), LCA (Letras de Crédito do Agronegócio), CRI e CRA (Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio) e títulos emitidos por empresas para financiar seus projetos e operações.

“Além deste cenário, é importante considerar que muito destes ativos ainda contam com o benefício da isenção fiscal”, finaliza.