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Agosto Dourado: será que amamentar tem todo esse brilho?

A cor dourada que nomeia o “Agosto Dourado” está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno, não há composto lácteo que supere a sua composição que basicamente consiste em água, gordura, proteínas, vitaminas, sais minerais, enzimas digestivas e hormônios. Adiciona-se também outros elementos considerados ‘não-nutrientes’ ao leite materno como hormônios, células e micro RNA’s – que dão sua característica ímpar!

 

Atualmente, a amamentação exclusiva no Brasil alcança 45,8% dos bebês com até seis meses, assim o Ministério da Saúde lançou a campanha neste mês com o tema “apoiar a amamentação é cuidar do futuro”, o qual está aliado ao movimento global de incentivo ao aleitamento, bem como ações para conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno.

 

Outro movimento que se soma a este é a Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM) que incentiva ações conjuntas mobilizadas pela sociedade em favor da promoção da amamentação em várias capitais do Brasil e em mais 120 países. A comemoração acontece desde 1948 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no entanto em 1990, com o documento chamado “Declaração de Innocenti”, organizado pela OMS e UNICEF, formulou-se uma Aliança Mundial de Ação pró-Amamentação (WABA – World Alliance for Breastfeeding Action), a qual criou em 1992 a “Semana Mundial de Aleitamento Materno”, para promover as metas da referida declaração.

 

O tema deste ano definido pela WABA foi ‘Fortalecer a amamentação – Educando e protegendo’ sinaliza a importância da formação dos protagonistas da ‘cadeia de calor’, que são os profissionais de saúde e a comunidade, comprometidos em apoiar e educar para, literalmente, manter aquecido os conhecimentos e ações dentro dos serviços de saúde, para que as mulheres amamentem e prossigam neste ato-ação, que não tem nada a ver com o conceito de amor que temos pelos nossos rebentos.

 

No documento base são tratados dos desafios que ainda precisamos compreender para oferecer o apoio necessário para o estabelecimento e prosseguimento da amamentação, dentro como pilar fundamental a educação.

 

E sobre o brilho? Sabidamente o significado da amamentação foi, e ainda é marcado pelas representações sociais construídas ao longo da história do viver. Fato que lá pelo século 17 raro eram as mães que amamentavam, afinal não era assim tão ‘natural’. Já pelo século 19, marcado pelo higienismo, a amamentação foi dita como algo ‘biológico e instintivo’, e o hoje?

 

Carregamos a dureza de voltar aos cinco meses após o parto, com o corpo e a mente atravessados pela transformação de se tornar ‘mulher-mãe’, com medo do desemprego, a insegurança do bebe na creche e a demanda infinita de criar um ser humano. E mesmo assim, ‘vibramos’ quando ‘ainda’ seguimos com a amamentação, quando ainda tem aquela gotinha, que não é tão mais ‘dourada’ como nos primeiros dias, mas mantem o brilho do melhor alimento.

 

É preciso melhorar a educação e o apoio à amamentação, e isto não é sobre empatia, é também sobre políticas e direitos.

 

*Me. Maria Caroline Waldrigues

Enfermeira, Mestre em Educação, professora e coordenadora Escola Superior de Saúde Única (ESSU) do UNINTER.

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