Estamos no Novembro Diabetes Azul, mês de conscientização sobre o diabetes, doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz.
Neste ano, o tema da campanha é “Educação para proteger o amanhã”, organizado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Sociedade Brasileira de Diabetes.
As atividades têm o objetivo de destacar a necessidade de melhor acesso à educação em diabetes de qualidade para profissionais de saúde e pessoas que vivem com diabetes.
Atualmente, 1 em cada 10 adultos em todo o mundo vive com diabetes, cerca de 537 milhões de pessoas. Quase metade não sabe que tem. No Brasil, a doença já atinge mais de 14 milhões de brasileiros. No Paraná, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, mais de 3.700 pessoas morreram em decorrência do diabetes entre 2019 e 2021.
“Educação para proteger o amanhã”
A endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – regional Paraná (SBEM-PR), Maria Augusta Karas Zella, destacou a importância do acesso à educação permanente sobre a doença para que pacientes compreendam sua condição e realizem o autocuidado diário para se manterem saudável e sem complicações.
“Pessoas com diabetes têm um risco aumentado de desenvolver uma série de problemas de saúde graves. Níveis consistentemente elevados de glicose no sangue podem levar a doenças graves que afetam o coração e os vasos sanguíneos, olhos, rins, nervos e dentes. Além disso, as pessoas com diabetes também têm um risco maior de desenvolver infecções. Por isso, como ressalta a campanha deste ano, a educação ainda é a melhor forma de proteger o amanhã”, complementou a especialista.
Conscientização
Para auxiliar nessa conscientização, no dia 19 de novembro, a partir das 8h30, no Parque Barigui, em Curitiba, haverá a Caminhada do Diabetes, promovida pelo Centro de Diabetes de Curitiba (CDC), Instituto da Pessoa com Diabetes (IPC) e Associação do Diabético Curitibano (ADC) e vários apoiadores.
Profissionais da saúde vão distribuir panfletos e dar orientações sobre a doença, além de exames gratuitos de fundo de olho e glicemia, sorteio de sensores para monitoramento da glicemia e mais. O evento é gratuito, e as inscrições podem ser feitas pelo site http://www.caminhadadiabetescuritiba.com.br/
Nesta quinta (03/11), a SBEM-PR, numa parceria com o programa de Educação Médica Continuada do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), promove a discussão clínica para médicos, estudantes de medicina e demais interessados sobre as novas diretrizes alimentares no tratamento do diabetes. O evento é gratuito, basta se inscrever clicando aqui.
Fatores de risco para o diabetes
Os principais fatores de risco para o diabetes são sedentarismo, pressão alta, colesterol alto, obesidade ou sobrepeso com aumento da circunferência abdominal, diabetes gestacional e histórico familiar da doença (pais e irmãos).
A médica ressalta, no entanto, que a genética é o principal fator de risco. “Porém, se a pessoa com essa predisposição atuar nos fatores de risco modificáveis, como por exemplo, fazer atividade física regularmente e manter uma alimentação saudável, ajuda a prevenir a doença”, completou a especialista.
Sintomas do diabetes
Os sintomas característicos do diabetes são: urinar muito e tomar muita água, além da perda de peso aparecer mais frequentemente no diagnóstico do diabetes tipo 1. A maioria dos portadores de diabetes tipo 2 são assintomáticos. “Por isso”, lembra Maria Augusta, “que 50% dos diabéticos permanecem sem diagnóstico”.
Obesidade x diabetes
A obesidade é um dos principais fatores de risco para o diabetes tipo 2, e existe uma forte relação entre o ganho de peso, mesmo que pouco, e o aumento do risco, principalmente quando o histórico familiar de diabetes faz parte da vida do paciente. De acordo com a endócrino, a obesidade visceral – quantidade gordura no nível do abdómen – tem um papel relevante no desenvolvimento da diabetes tipo 2.
Como medir: em pé, deverá medir a largura com a ajuda da fita métrica colocada no ponto médio entre a parte inferior das costelas (em baixo da última costela) e a crista ilíaca (parte superior dos ossos da bacia). O valor é anotado depois de uma inspiração normal um pouco acima da altura do umbigo.
Medidas de circunferência abdominal igual ou superior a 94 cm em homens e 80 cm em mulheres já indicam maior risco.
Tipos de diabetes
Existem vários tipos de diabetes, como diabetes tipo 1, diabetes tipo 2, diabetes gestacional, diabetes secundário à medicação (corticoide é o mais frequente, seguido de alguns antipsicóticos e alcoolismo) e diabetes secundário a doenças pancreáticas.
O tipo 1 e o tipo 2 geralmente são os mais conhecidos. O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune (destruição autoimune das células produtoras de insulina) e geralmente aparece na infância e adolescência, afetando, em média, entre 5 e 10% do total de pessoas com a doença – pode ser diagnosticada em adultos também. É tratado com reposição de insulina, medicamentos, mudanças nos hábitos alimentares e estímulo à prática de atividade física.
Já o diabetes tipo 2 é quando o pâncreas produz insulina, mas há a resistência da ação da insulina para captação de glicose no músculo e nas células gordurosas. É o tipo mais comum de diabetes, representando cerca de 90% de todos os casos de diabetes. É mais comumente diagnosticado em adultos mais velhos, mas é cada vez mais visto em crianças, adolescentes e adultos mais jovens devido ao aumento dos níveis de obesidade, sedentarismo e má alimentação.
Prevenção do diabetes
Atualmente, o diabetes tipo 1 não pode ser prevenido. Os gatilhos ambientais que são pensados para gerar o processo que resulta na destruição das células produtoras de insulina do corpo ainda estão sob investigação.
Embora existam vários fatores que influenciam o desenvolvimento do diabetes tipo 2, é evidente que os mais influentes são os comportamentos de estilo de vida comumente associados à urbanização. Em geral, a forma mais efetiva de prevenção do diabetes é a mudança de estilo de vida.
Em relação à alimentação, os diabéticos devem comer de forma saudável, restringir os carboidratos processados e preferir os alimentos com fibras que reduzem o índice glicêmico.
Pé diabético
Quem tem diabetes pode ter a sensibilidade dos pés alterada e não sentir dores quando apresentar algum problema. Com isso, perde-se a proteção da dor e lesões podem progredir sem sentir incômodo. E aí, ao perceber o problema, pode ser tarde – e em alguns casos, é necessária a amputação.
Segundo a especialista, o primeiro cuidado é a inspeção dos pés para verificar se não há nenhuma micose ou ‘frieira’, que é uma porta de entrada para bactérias. “Ao cortar as unhas, cuidado para não causar ferimentos. Nunca coloque bolsa de água quente nos pés devido ao risco de queimadura sem sentir. A dica é procurar o médico no caso de dor ou mudança de temperatura, ou cor dos pés”, ressalta.
A doutora também esclareceu que nem todo paciente diabético terá complicações nos pés. “O pé diabético acontece quando o indivíduo apresenta alterações da circulação com insuficiência arterial periférica associada com a neuropatia periférica”.
Os principais sintomas da neuropatia são: dor (em forma de ardência ou pontada), queimação, dormência ou formigamento, fraqueza nas pernas, cãibras, principalmente à noite, entre outros. E a principal forma de diagnosticar a neuropatia diabética é o exame físico do pé com testes de sensibilidade.
Convivendo com o diabetes
O diabetes não tem cura, mas tem controle. De acordo com Maria Augusta, pessoas com diabetes e que mantêm a doença controlada podem ter uma vida normal. “O paciente com diabetes precisa gerenciar os valores de glicose no sangue e ser treinado a tomar decisões efetivas no seu autocuidado”, reforçou.
Segundo a International Diabetes Federation, os 7 pilares para o bom manejo do diabetes são:
– Comer de forma saudável;
– Fazer atividade física;
– Vigiar os valores de glicemia;
– Tomar os medicamentos;
– Encontrar soluções;
– Reduzir riscos;
– Adaptar-se saudavelmente.
Sobre o Dia Mundial do Diabetes
Em 14 de novembro é comemorado o Dia Mundial do Diabetes, em memória ao aniversário de Frederick Banting, que juntamente com Charles Best descobriram a insulina em 1923. Em 2006, a ONU reconheceu como uma data mundial. Atualmente, esse dia é comemorado em mais de 160 países.
O Novembro Diabetes Azul voltou a integrar o Calendário de Eventos do Ministério da Saúde em 2018.
Para mais informações, acesse: http://novembrodiabetesazul.com.br/ .