A busca pelo corpo ideal faz com que algumas pessoas busquem alternativas milagrosas, como dietas e suplementos, mas que muitas vezes não surtem efeito ou a longo prazo irão acarretar em malefícios para a saúde. Para frear o uso indiscriminado dessas substâncias perigosas, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu, com uma medida publicada no Diário Oficial da União, no dia 11 de abril, a prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes com finalidade estética, ganho de massa muscular e melhora do desempenho esportivo.
O urologista e uro-oncologista, Leonardo Welter, explica que essas pessoas que procuram por métodos rápidos para atingir um objetivo corporal podem comprometer os rins, já que tem se observado o aumento de problemas renais por exagero de prática de exercício físico e uso de anabolizantes. “É crescente o número de pessoas que utilizam esse tipo de medicação de forma ilícita. Estudos mostram que cada vez mais o uso frequente de esteroides tem efeitos nocivos sobre os rins. A proibição será muito benéfica.”
Um estudo do Centro Médico da Universidade de Columbia, Estados Unidos, mostrou o desenvolvimento de redução severa da função renal ao comparar um grupo de dez fisiculturistas que usaram esteroides por muito tempo. Desse total, nove desenvolveram glomeruloesclerose focal segmentar, conhecido pela cicatrização dentro dos rins, que ocorre normalmente quando os rins estão sobrecarregados. Esses danos encontrados nos participantes do estudo se assemelham a pacientes obesos mórbidos, porém, em um nível que parece ser ainda mais grave. “Com o aumento da massa muscular o rim precisa trabalhar, aumentando o nível de estresse nos órgãos”, explica.
Riscos para a saúde
Para o CFM, a medida destaca a inexistência de estudos clínicos randomizados que comprovem benefícios e segurança para os pacientes e os riscos associados à terapia hormonal androgênica em níveis acima dos fisiológicos, tanto em homens quanto em mulheres. Os usuários dessas substâncias também podem apresentar distúrbios endócrinos como infertilidade, disfunção erétil e diminuição de libido. “É comum a infertilidade temporária ou irreversível nos casos de pacientes jovens que usam testosterona”, aponta Leonardo Welter.
Ainda segundo o CFM, a percepção é corroborada pelas sociedades brasileiras de Urologia, Endocrinologia e Metabologia, de Medicina do Esporte e do Exercício, de Cardiologia, de Dermatologia, de Geriatria e Gerontologia e pelas federações brasileiras de Gastroenterologia e das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Vale ressaltar que a resolução mantém a prescrição para casos de deficiências que necessitam de terapias hormonais, cuja a utilização proporcione benefícios cientificamente comprovados.