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Aspartame, existe ou não relação com câncer? 

Aline Veroneze de Mello Cesar 

Os adoçantes são substâncias químicas com grande poder para adoçar, podendo ser tanto artificiais quanto naturais. O aspartame, por sua vez, trata-se de um adoçante artificial formado por dois aminoácidos (partículas menores da digestão das proteínas): o ácido aspártico e a fenilalanina. Está em evidência porque acaba de ser classificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma substância possivelmente cancerígena. 

Quando sua ingestão diária aceitável (IDA) é respeitada, seu consumo será seguro. Segundo o Comitê de Especialistas em Aditivos Alimentares da Organização Mundial da Saúde (JECFA), criado em 1981, o consumo seguro do aspartame é de 40 mg por kg de peso corporal por dia. Por exemplo, se considerarmos um adulto de 60kg, o seu consumo máximo deverá ser de até 2.400mg ou 2,4g diariamente. 

Fazendo uma comparação com os refrigerantes zero, isso representaria, em média, um consumo diário em torno de 45 a 50 latinhas, a depender da quantidade de aspartame, que pode variar em cada uma das marcas ou tipos. É um consumo muito alto e que pode ser muito difícil, não é mesmo?  

Não somente os refrigerantes zero apresentam aspartame em sua composição como um substituto do açúcar. O adoçante pode ser encontrado em chás industrializados, gomas de mascar, balas, geleias, iogurtes, sorvetes, cereais matinais e preparados de café. Ao consumir um ou mais destes alimentos, temos que considerar a somatória da quantidade presente em cada um deles e verificar sua presença no rótulo do produto. 

Independente do uso, a pergunta que se faz atualmente é o aspartame é ou não cancerígeno? A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), na qual o Brasil passou a ser membro em 2013, considera categorias ou grupos para classificação de agentes ou substâncias. Os que estão no chamado Grupo 1 são carcinogênicos e possuem evidências fortes de estudos em seres humanos. Os do Grupo 2A são provavelmente carcinogênicos, no entanto são evidências provenientes de estudos com animais e quando com seres humanos, são insuficientes ou de baixa evidência científica. Já os do Grupo 2B podem ser (possivelmente) carcinogênicos, no entanto, são evidências de estudos com animais e seres humanos insuficientes ou de baixa evidência científica em ambos. Os mais seguros são os classificados no Grupo 3, considerados não carcinogênicos. 

Se formos pensar nesta lista da IARC, outras substâncias amplamente consumidas, como carnes embutidas (como salsichas e presuntos) e bebidas alcoólicas (portanto, não há dose segura se álcool) estão no Grupo 1, ou seja, são cancerígenos, com forte evidência de estudos.  

O aspartame foi avaliado pela primeira vez e classificado no Grupo 2B da agência, com baixa evidência de estudos em seres humanos e passa a fazer parte do grupo em que já constam os legumes em conserva, por exemplo. 

Bom, então, eu devo ou não me preocupar com o consumo? É relevante destacar que os alimentos que contém aspartame são industrializados e, na maioria das vezes ultraprocessados, ou seja, devem ser evitados em um contexto de uma alimentação adequada e saudável. Melhores opções aos refrigerantes ou chás e doces em geral seriam os sucos de frutas e água, além das frutas in natura, respectivamente. 

Outro ponto importante, é a relação entre a dose segura de consumo e o tempo de consumo. Se você ultrapassa o consumo seguro diariamente e por anos, aí sim, há preocupação. A regra é, moderação! 

Sendo assim, considerando o consumo adequado de aspartame a partir da IDA, que reitera o consumo seguro de 40mg por kg de peso corporal de aspartame, não há com que se preocupar. 

*Aline Veroneze de Mello Cesar é nutricionista, mestre e doutora em Ciências. Atua como docente do curso de Nutrição no Centro Universitário Internacional Uninter. 

 

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