*Cristiano Caporici
Quais sรฃo as liรงรตes que o futuro tem a nos ensinar? Pode parecer confuso, mas me refiro, mesmo, ao futuro, que ainda nรฃo chegou, mas jรก estende seus dedos รกgeis sobre o presente e pode ser pressentido, previsto e antecipado. Conhecer as tendรชncias do hoje nos ajuda a compreender melhor como serรก esse amanhรฃ que aguarda a humanidade na prรณxima esquina. E รฉ muito saudรกvel, individual e coletivamente, refletir e falar sobre ele.
Ao redor do mundo, muita gente tem se dedicado a fazer esse exercรญcio. Sรฃo os chamadosย think tanks, compostos por estudiosos, cientistas e especialistas, mas tambรฉm por pessoas comuns, que se preocupam com o prรณprio impacto no planeta e nas outras pessoas e querem, de alguma forma, deixar um mundo melhor para as geraรงรตes que virรฃo.
Se prestarmos atenรงรฃo a nรฃo mais do que cinco minutos de notรญcias todos os dias, jรก teremos como certo que uma dessas preocupaรงรตes e desafios tem a ver com a sustentabilidade das vidas e dos negรณcios. Ou o que, enquanto empresas, convencionou-se chamar de ESG. A sigla para governanรงa ambiental, social e corporativa precisa ser mais que uma tendรชncia. Devemos comeรงar a pensar nas consequรชncias, por exemplo, do uso indiscriminado da inteligรชncia artificial e de outros recursos tecnolรณgicos no universo do trabalho.
Embora essas ferramentas contribuam significativamente para o aumento da produtividade, tambรฉm รฉ verdade que elas transformarรฃo a maneira como trabalhamos. Pessoas precisarรฃo ser realocadas e capacitadas para outras funรงรตes e รกreas de atuaรงรฃo. ร necessรกrio encontrar um caminho por meio do qual as novas tecnologias disponรญveis nos ajudem a atingir nossos objetivos sem, com isso, causar perdas.
Digitalizar processos que fazem parte do cotidiano pode ser um desses caminhos. Afinal, facilitar as tarefas com as quais as pessoas precisam lidar em suas vidas diรกrias, desburocratizando esses processos, รฉ uma forma de trazer mais tempo e, por consequรชncia, qualidade de vida aos profissionais.
Outro ponto que deve receber atenรงรฃo sรฃo as mudanรงas climรกticas. Suas consequรชncias, inclusive, jรก estรฃo entre nรณs, com verรตes mortais em paรญses de clima historicamente gelado, como os da Europa, enchentes, deslizamentos, ondas de frio congelante em lugares que antes tinham sol a pino o ano todo. Os refugiados do clima serรฃo, cada dia mais, uma realidade com a qual teremos de conviver. O estudo โ3M Forward: o futuro hojeโ, divulgado recentemente pela 3M, apontou que 93% da populaรงรฃo de 17 paรญses estudados se mostram preocupados com os impactos dessas mudanรงas e 90% dizem crer que a ciรชncia pode contribuir para reduzir esses impactos.
Um dos pontos mais importantes, nesse sentido, รฉ a busca por energias alternativas e renovรกveis que permitam a continuidade do desenvolvimento humano e tecnolรณgico sem que, com isso, o meio ambiente seja tรฃo prejudicado. O sol, o vento e outros recursos renovรกveis deverรฃo ser cada vez mais utilizados, substituindo, aos poucos – ou o mais rรกpido possรญvel – o petrรณleo, o carvรฃo, as termelรฉtricas e outras fontes.
Nรฃo รฉ exagero, portanto, afirmar que temos muito a aprender com o que ainda virรก. Por que esperar que o futuro seja presente – ou, pior, passado – para sรณ entรฃo tirar dele as liรงรตes de que precisamos para evoluir enquanto espรฉcie? Se jรก conhecemos as tendรชncias, podemos tambรฉm refletir sobre elas e, assim, antecipar problemas, encontrar soluรงรตes mais rรกpidas e desfrutar das boas consequรชncias dessa relaรงรฃo amistosa com o amanhรฃ.
*Cristiano Caporici รฉ jornalista, cientista da comunicaรงรฃo, conselheiro do Nรบcleo Futuro e Tendรชncias da ADVB/PR e diretor de marketing da Tecnobank.