Curitiba tem 2 novos óbitos por hepatite A: veja como se prevenir

Legenda: Sintomas da Hepatite A podem ser confundidos com alguma indigestão. Mas diante do surto, é preciso ficar alerta e buscar ajuda imediatamente. (Crédito: Freepik)

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Curitiba divulgou, na segunda-feira (20), que a cidade teve dois novos óbitos por hepatite A na semana passada. Com isso, a capital já soma 5 óbitos pela doença em 2024, o que caracteriza um surto. São 228 novos casos confirmados no ano, algo extremamente incomum para Hepatite A, que não tinha óbitos e não passava de uma média de 12 casos por ano. Com isso, o Centro de Cirurgia, Gastroenterologia e Hepatologia (Cighep), do Hospital Nossa Senhora das Graças, onde boa parte dos casos têm sido atendidos, alerta para as formas de prevenção da doença.

Conforme a médica hepatologista Cláudia Pontes Ivantes, do Cighep, a transmissão do vírus é por via fecal – oral. Ou seja, a falta de lavagem cuidadosa das mãos após ir ao banheiro e antes de comer. A doença também é transmitida por água contaminada com esgoto ou frutas e verduras sem lavagem e desinfecção adequada. Nos adultos, a transmissão também pode ocorrer pela relação sexual anal desprotegida, principalmente quando há a prática de sexo oral.

Veja as orientações para evitar a hepatite A:

  • Lavar as mãos muito bem após ir ao banheiro e antes de comer
  • Só consuma água tratada, clorada e/ou fervida
  • Lave muito bem frutas, verduras e legumes
  • Antes de consumir, deixe os alimentos crus de molho por meia hora numa solução de uma xícara de vinagre (250 ml) para cada litro de água
  • Cozinhar bem os alimentos, em especial mariscos, peixes e outros frutos do mar
  • Lave bem pratos, copos e talheres
  • Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto
  • Mantenha relações sexuais protegidas, com preservativo
  • Como há surto de heptite A, evite o sexo oral. Ou então, higienize a genitália, períneo e região anal antes e após o sexo
  • Tome a vacina contra a Hepatite A

A vacina contra Hepatite A faz parte do calendário infantil de imunização pelo SUS. Porém ela é aplicada somente em crianças até 5 anos incompletos, ou em crianças e adultos com algumas comorbidades. Para todo o restante do público, a vacina está disponível na rede privada de imunização. E a hepatologista Claudia Ivantes alerta que, diante do surto em Curitiba, a melhor forma de se prevenir é tomando a vacina. Caso o paciente seja contaminado pelo vírus, a vacina ajudará a amenizar os sintomas e pode evitar o óbito.

Agravamento dos casos

O que preocupa as autoridades é o agravamento dos casos. Até então, pacientes com Hepatite A tinham apenas quadros leves e todos evoluíam para cura. E havia pessoas que sequer sabiam que tinham sido infectadas, pois ficavam assintomáticas ou tinham sintomas confundidos com outras viroses, ou com uma indigestão alimentar.

Mas os sintomas da doença mudaram de perfil em Curitiba, desde o fim do ano passado. Está levando pacientes a casos graves e ao óbito. Conforme a SMS, dos 228 casos este ano, 107 pessoas (47%) foram internadas e 10 (4%) precisaram de cuidados intensivos em UTI. A maioria das confirmações, 174 casos, atingiram homens (76%) e 54 mulheres (24%) positivaram para a Hepatite A. A faixa etária mais prevalente é do adulto jovem. A maioria é de homens entre 20 e 39 anos. Um destes casos, um homem de 46 anos precisou de transplante hepático. Apesar da gravidade da situação, ele se recuperou.

Na grande maioria dos óbitos, as vítimas saíram do internamento e retornaram dias depois com o quadro muito agravado. A maioria tinha comorbidades e/ou vício etílico. Por isto e pelo surto caracterizado na cidade, o Cighep alerta que, aos primeiros sintomas, o paciente deve procurar ajuda médica e manter corretamente a medicação e internamento, caso seja esta a indicação médica. Os casos agudos da doença podem trazer danos irreversíveis ao fígado.

Sintomas da Hepatite A

A também médica hepatologista do Cighep, Daphne Morsoletto, explica que os sintomas aparecem cerca de 15 a 50 dias após a infecção. “É importante ficar atento para sintomas como diarreia, mal-estar, náuseas, vômitos, febre, olhos amarelados e urina escura. Diante destes quadros é fundamental buscar atendimento”, reforça Daphne.

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