Não usar cinto de segurança e capacete aumenta o risco de traumas de face em acidentes de trânsito

Número de vítimas sem cinto de segurança cresceu 29% no último ano

Para que se tenha ideia, apenas em 2023, foram registrados mais de 621 mil acidentes no Brasil com 9.912 óbitos, segundo o Ministério dos Transportes. Acidentes com carros correspondem a 60.6% dos casos, seguido pelas motocicletas com 12.9%. Já no Paraná mais de 95 mil acidentes de trânsito foram registrados no Paraná.

O número é preocupante tendo em vista o aumento de 29% nas ocorrências com vítimas que não usavam cinto de segurança, de acordo com o levantamento realizado pela Arteris, concessionária que administra rodovias nas regiões Sul e Sudeste. Já em 2024, as ocorrências de capotamentos e tombamentos em rodovias de janeiro a março já são 14% maiores em comparação com o primeiro trimestre de 2023.

Traumas de face e a cirurgia bucomaxilofacial

Além do risco de óbito, os acidentes de trânsito podem deixar marcas físicas e psicológicas nas vítimas, principalmente quando trata-se de traumas de face.

Nesses casos, os especialistas em cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial apresentam-se como a principal especialidade para atuar no atendimento de emergência para salvar a vida dos pacientes e ainda reconstruir a face.

“Em casos graves de acidente de trânsito, a presença desse profissional é essencial para garantir que os ossos sejam reconstruídos da maneira correta e de forma funcional, sem prejudicar a fala e mastigação do paciente. Na emergência nós fazemos de tudo para manter o paciente vivo. Colocamos os ossos no lugar, fazemos uma redução anatômica para depois realizar alguns retoques e retomar a funcionalidade da articulação temporomandibular (ATM)”, afirma Zétola, cirurgião bucomaxilofacial que há mais de 30 anos atende pacientes vítimas de graves acidentes de trânsito.

Histórias reais

Este foi o caso do gerente administrativo João Batista, de 54 anos. Ele bateu o carro de frente com um caminhão em um grave acidente na BR-476, na região da Lapa, no Paraná. João teve traumatismo craniano, de face, e traumas severos nos pés e braços. “Eu tive 22 fraturas no rosto, perdi 6 litros de sangue e fiquei na UTI vários dias. Passei por uma cirurgia de emergência e outras 10 para reconstruir a face. Até hoje o cirurgião que me atendeu fala que meu caso foi um milagre pela quantidade de fraturas que tive. Eu digo que nasci de novo, e hoje não tenho nenhuma sequela daquele acidente”, diz João Batista.

O Dr. André Zétola foi responsável por corrigir os traumas de face do João. “Nesses casos o nosso objetivo é salvar a vida daquela pessoa e conter o máximo de danos possível. O João estava entre a vida e a morte. Nós começamos o atendimento na madrugada daquele dia e foram 10 horas seguidas de cirurgia, fora os procedimentos com neurologista e ortopedista”, explica Zétola. Após a cirurgia de emergência, foram realizadas outras 10 cirurgias no período de 1 ano para reconstruir a face de João Batista por completo.

O mesmo aconteceu com a triatleta Maria Eugênia Valle que sofreu um acidente de bicicleta com graves traumas na face.

“Eu perdi muitos dentes com a batida e tive fraturas em todo o rosto. Graças a Deus fui atendida por um cirurgião bucomaxilofacial que se atentou a tudo isso. Foi um longo processo, 10 cirurgias no total, mas hoje vivo uma vida normal”, diz Maria Eugênia que também foi operada pelo Dr. André Zétola.
O cirurgião explica que esses casos são comuns em vítimas de acidentes de trânsito devido à velocidade e força do impacto, principalmente sem o uso adequado de cinto de segurança ou em casos de acidentes com bicicletas ou motos.

“O processo de reconstrução da face é longo após um acidente dessa gravidade. São necessárias diversas cirurgias, sendo uma para corrigir as fraturas de face, mandíbula e maxilar por dentro da boca, outra para soltar o lábio que ficou grudado na gengiva dos dentes, outra cirurgia para reconstruir o osso facial perdido, mais uma para a colocação dos implantes onde tinha perdido os dentes, cirurgia para corrigir a gengiva, outra para colocar as próteses provisórias e definitivas, remoção dos parafusos e, por fim, cirurgia para correção das cicatrizes”, alerta Zétola.

Maio amarelo e a conscientização no trânsito

A campanha do maio amarelo reforça a importância da direção segura para diminuir o índice de acidentes de trânsito no país.

Não dirigir alcoolizado, não usar o celular ou manusear outros objetos ao volante, respeitar o limite de velocidade da via, usar cinto de segurança ou capacete e manter a atenção redobrada na pista são atitudes simples que podem salvar vidas.

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