Músico que faz carreira nos Estados Unidos revisita projeto social que o revelou no Paraná

Mario Batista deu seus primeiros acordes aos 13 anos nas aulas do projeto Cordas do Iguaçu e hoje realiza mestrado em performance musical na instituição norte-americana de Dakota.

Tunas do Paraná e a música clássica têm uma ligação importante, pois foi do município de pouco mais de seis mil habitantes que saiu um dos integrantes do quarteto de Cordas Estudantis da University of North Dakota (UDN), nos Estados Unidos. Mario Batista realizou os seus primeiros acordes de viola clássica nas aulas do Cordas do Iguaçu, projeto social que começou há 13 anos na pequena cidade rural e hoje atende mais de 500 jovens em Tunas e em outros três municípios na Grande Curitiba.

O violista Mario Batista ingressou nas aulas do projeto aos 13 anos. Das plantações de milho onde acompanhava o avô, Mario se interessou pela música graças ao Projeto Cordas do Iguaçu. E a escolha de Tunas do Paraná para ser a primeira cidade atendida pelas aulas não foi por acaso. O município tinha altos índices de violência e o pior IDEB do estado. Com essas estatísticas e por confiar no poder transformador da música, o maestro José Maria Magalhães não teve dúvida: era ali que o Cordas do Iguaçu iniciaria sua trajetória.

E os resultados comprovam que José Maria estava certo. O IDEB do município aumentou 41% desde que o projeto iniciou o atendimento no local, passando da nota 3,2 para 4,5 em dez anos. E, mais do que números, transformou realidades como a do jovem Mario. “Fiz parte do projeto como aluno, onde me preparei até entrar na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMAP) e me tornei bacharel em instrumento. Pude também ingressar em orquestras, como a Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa, Orquestra Filarmônica da UFPR e outros grupos”, conta.

Mas a mudança mais radical em sua vida ainda estava por vir. O músico chamou a atenção de um dos professores da Universidade de Dakota durante a excursão do Projeto Cordas do Iguaçu na França, quando, em 2022, o projeto levou estudantes e professores para uma apresentação internacional no Festival Internacional Eurochestries 2022. “Ele mencionou justamente que tinha gostado de como eu tocava e como eu me encaixava no quarteto. A seleção para o grupo se deu internamente na universidade com uma concorrência entre outros candidatos ao mestrado e outros alunos que já estavam na universidade. Eu fui aceito através das gravações que enviei como audição”, relembra Mario.

Na University of North Dakota (UDN), Mario recebe uma bolsa integral para mestrado em Música em Performance de Viola. Ele faz parte do Greater Grand Forks Symphony Orchestra (Orquestra Sinfônica da Região Metropolitana de Grand Forks), onde atua em um cargo de liderança na orquestra e como principal, além de se apresentar no quarteto de Cordas Estudantis da instituição. “Estou fazendo muitos contatos com pessoas de todo o país e do mundo. Estou me especializando para integrar uma grande orquestra ou um grupo de câmara renomado”, disse Mario.

Ele veio passar férias no Brasil e está participando de apresentações do Projeto Cordas do Iguaçu, sentindo-se grato pelas oportunidades que recebeu por ter feito parte deste projeto. “Meu sentimento é de agradecimento ao projeto. Para os que estão começando na música, acredito que o estudo é importante, não apenas tocar, mas refletir sobre como está praticando, como melhorar”, comenta.

Pela atuação em Tunas do Paraná, o Cordas do Iguaçu recebeu uma menção honrosa da Assembleia Legislativa do Paraná por afastar crianças e adolescentes da violência urbana.

Sobre o Cordas do Iguaçu

Nascido do sonho do músico cearense José Maria Magalhães, o Cordas do Iguaçu já atingiu mais de 5 mil crianças e adolescentes nos quatro municípios desde 2021. O projeto ensina os instrumentos viola, violino e violoncelo. José Maria é integrante da Orquestra Sinfônica do Paraná e começou a sua carreira em um projeto social que ensinava música também.

Atualmente, o projeto atende 520 jovens nos municípios de Curitiba, Araucária, Balsa Nova e Tunas do Paraná. Como forma de incentivo para o aprendizado, alunos em condição de vulnerabilidade social ainda recebem instrumentos doados para as aulas e uma bolsa de estudos.

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