Menopausa não é o fim da vida da mulher

Com a evolução da Medicina, dos cuidados com a saúde e o conhecimento do corpo humano, a expectativa de vida da mulher passou de 55 anos, na virada do século XIX, para algo entre 85 e 90 anos, nos dias atuais. Mesmo assim, a menopausa continua a ser normalizada como um período de intenso sofrimento físico e mental, marcado por ondas de calor, problemas de humor e de memória, insônia, ressecamento vaginal e falta de libido sexual, entre outros sintomas.
Para o médico ginecologista mineiro Walter Pace, mestre pela Universidade de Paris V René Descarte, Doutor pela UFRJ e titular da Academia Mineira de Medicina, a ferramenta capaz de mudar essa cultura é a informação sobre o tema. Ele foi o representante dos ginecologistas na audiência realizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em 16 de julho, onde foi debatida a necessidade da criação de políticas públicas para garantir o atendimento de saúde para uma parcela de 35 milhões de pessoas, no Brasil.
Observando as mudanças – “Antes da menopausa, há o climatério, a fase de transição fisiológica entre os períodos reprodutivo e não reprodutivo da mulher. É nesse período, a partir dos 40 anos, que começam os sinais de desequilíbrio hormonal no organismo. Apesar disso, é possível tomar medidas de profilaxia, para garantir a qualidade de vida da mulher”, frisa Pace.
Já a menopausa acontece quando a mulher deixa de menstruar. Na prática, é a falência dos ovários, gônadas femininas que produzem estrogênio, testosterona e progesterona. “Homens e mulheres produzem os mesmos hormônios. No homem, a testosterona é predominante, mas na mulher, a falta dessa substância e do estrogênio pode causar depressão, problema que tem sido historicamente tratado com medicamentos, mas que pode ser corrigido com a terapia de reposição hormonal”, ressalta o ginecologista.
Nova mentalidade – Segundo o Dr. Walter Pace, a mulher com 50 e 60 anos tem, pelo menos, um terço da vida pela frente. “Vivemos outros tempos. É preciso que as mulheres compreendam que não é o hormônio que faz mal, mas o excesso ou a carência dessa substância no organismo. Se o ovário faliu e deixou de entregar esses produtos, a reposição é o que vai garantir que a mulher preserve a sua qualidade de vida e produtividade”, argumenta.
O médico esclarece que essa especialidade médica teve um avanço muito grande nos últimos anos e que é possível usar substâncias iguais às produzidas pelo corpo humano, pela circulação periférica (sem passar pelo estômago e pelo fígado) na concentração exata para cada paciente, de acordo com suas necessidades e queixas. “É como se o ovário estivesse entregando a sua produção. Além de minimizar os efeitos colaterais como AVC e retenção de líquido, é possível usar também a testosterona, em dosagens específicas, para a mulher ter de volta disposição física, alegria, vontade de namorar e memória perdidas”, explica.
Para completar a receita de saúde das mulheres na menopausa, a adoção de hábitos saudáveis como boa alimentação nutricional, atividade física e convívio social e intelectual são fundamentais. “A estética é um efeito secundário da reposição hormonal”, conclui.

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