O termo ‘burn out’ vem da língua inglesa e significa exaustão, queima, esgotamento. E estas são as sensações descritas pelas pessoas que passam por esta condição, cada vez mais frequente no Brasil. De acordo com dados do International Stress Management Association (ISMA), 30% da população brasileira economicamente ativa é afetada pelo burn out.
Segundo a neuropsicóloga, Thaís Quaranta, a síndrome do burn out é resultado de um estresse prolongado e não gerenciado. “O burn out foi descrito, inicialmente, como uma condição ligada aos profissionais da área de saúde. Entretanto, sabe-se que hoje qualquer pessoa está sujeita a desenvolver esta síndrome, que pode estar relacionada ao trabalho ou a outros aspectos da vida, como a chegada de um filho, por exemplo”, diz.
A prova de que o burn out não é um problema exclusivamente ligado ao trabalho, veio de um estudo recente. A pesquisa, publicada no Journal of Reproductive and Infant Psychology, mostrou que 20% das mães são atingidas pelo esgotamento após a maternidade. Outros estudos já haviam ligado o burn out às funções parentais.
Estresse é diferente de burn out?
Para Thaís, é preciso diferenciar o estresse normal da síndrome do burn out. “O estresse é uma resposta natural do organismo e todos passamos por ele, em várias situações do dia a dia. Entretanto, há importantes diferenças no quadro do burn out em relação ao estresse”, cita Thaís.
Um dos pontos mais importantes é a exaustão emocional. “A pessoa chega num ponto em que não consegue mais acessar seus recursos internos para lidar com as situações. Esse desgaste emocional pode se manifestar por meio de comportamentos insensíveis. Não há mais energia para se relacionar ou lidar com as pessoas. O paciente pode evitar, inclusive, atender telefonemas e se esquivar das interações sociais”, explica a neuropsicóloga.
Essa característica de “insensibilidade” é chamada de despersonalização e é a principal pista de que o estresse pode ter evoluído para o burn out. “O esgotamento físico e emocional acaba levando a pessoa a construir barreiras para evitar os contatos sociais. Ela também pode apresentar mais rigidez nos comportamentos, assim como ironia e cinismo”, comenta Thaís.
Queda da produtividade
O burn out está diretamente ligado à queda da produtividade no trabalho, assim como a faltas contínuas. “A falta de energia e o esgotamento mental tiram a motivação para desempenhar as atividades. Isso leva a sentimentos de inferioridade, afetando a autoestima e fazendo com que essas pessoas se sintam menos competentes”, cita a psicóloga.
Manifestações são variadas
Como tudo na vida, a síndrome do burn out pode se manifestar de diferentes maneiras em cada pessoa. “O cansaço crônico é bem característico, assim como a evitação das interações sociais, que acabam levando ao isolamento social. Muitas pessoas também apresentam alterações no sono, no apetite, dores, queda da libido, baixa imunidade, etc. São condições muito parecidas com aquelas ligadas ao estresse crônico e à depressão, por exemplo”, ressalta Thaís.
O humor também pode variar bastante. Irritação, agressividade e impaciência são constantes. Outros sinais que indicam um esgotamento mental e emocional é o abuso de substâncias, como álcool, cigarro ou até mesmo drogas.
A origem do mal
O primeiro passo para tratar a síndrome do burn out é identificar quais são as fontes do estresse. O trabalho? A maternidade? O relacionamento? “Como vimos, atualmente o burn out não é uma condição somente ligada ao trabalho. Portanto, em primeiro lugar é preciso reconhecer a origem do estresse, seja ela qual for”, reforça Thaís.
A especialista explica que, normalmente, o burn out se desenvolve quando a situação é vista como uma ameaça e não como um meio para alcançar satisfação, reconhecimento ou felicidade. “Isso pode estar ligado ao trabalho, às pressões típicas da maternidade ou a qualquer outra grande responsabilidade”, encerra Thaís.
O tratamento envolve psicoterapia e medicamentos, além claro do afastamento da fonte do estresse. Com a ajuda da neuropsicóloga, elaboramos 6 dicas para prevenir a síndrome do burn out. Confira.
Dicas para prevenir o burn out
- Pratique o autoconhecimento: É fundamental a pessoa exercitar o autoconhecimento para reconhecer o que lhe faz bem e o que aumenta o estresse.
- Trabalho é só trabalho: Quando o trabalho está levando ao esgotamento mental e emocional é preciso lembrar que é perfeitamente possível mudar de emprego. O trabalho é só um trabalho! Assim, se há mais sofrimento do que satisfação, é hora de procurar outra vaga, mudar de departamento, etc.
- Gerencie seu estresse: Ninguém está livre do estresse. Assim, é essencial procurar maneiras de aliviar a tensão e ansiedade. Basicamente é preciso adotar hábitos saudáveis, como dormir bem, se alimentar bem, ter momentos de lazer. Dedicar a si mesmo, todos os dias, um momento para fazer algo que dê prazer. Seja dançar, ouvir música, fazer uma caminhada, tomar um banho demorado, ler, meditar, etc.
- Ser ouvido: Falar é terapêutico! Portanto, é importante ter uma pessoa de confiança como um amigo, parceiro (a) ou um profissional, como um psicólogo, para desabafar, falar sobre os acontecimentos e situações que estão gerando o estresse. Se a pessoa tem dificuldade para falar, escrever pode ser uma alternativa.
- Viva um papel por vez: Mãe, profissional, esposa. Pai, profissional, marido, filho, etc. Todos temos vários papéis que precisamos desempenhar ao longo da vida. Porém, pode ser complexo lidar com todos eles ao mesmo tempo. Assim, procure viver plenamente cada um deles, nos momentos adequados. Isso significa brincar com os filhos sem atender telefonemas do trabalho, assim como trabalhar sem se preocupar como o que vai fazer no jantar. Quem desempenha todos os papéis ao mesmo tempo acaba sobrecarregando a mente, aumentando a ansiedade e, por consequência, o estresse.
- Seja gentil com você: Pare de se criticar e de se cobrar tanto. Seja mais gentil com você mesmo! Trate-se bem. Cuide-se. Ame-se acima de tudo e de todos! Conecte-se com seu ser interior.
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