Girl Power: a busca por equidade não é uma luta de boxe, mas um jogo de xadrez

Gabriela Santana*

Ada Lovelace, Edith Clarke, Grace Hopper, Dorothy Vaughan, Mary Keller, Joan Clarke, Katherine Johnson, Mary Winston Jackson, Karen Spärck Jones, Margaret Hamilton, Radia Perlman, Susan Kare, Ginni Rometty, Sheryl Sandberg, Carol Shaw, Kathy Kleiman, Cláudia Maria Bauzer Medeiros, Susan Wojciki. Você sabe o que essas mulheres têm em comum?

Elas fizeram e fazem história no mundo da tecnologia, um segmento no qual os cargos ainda são ocupados, majoritariamente, por pessoas do sexo masculino. A primeira programadora da história foi Ada Augusta King, a Condessa de Lovelace, responsável pela criação do primeiro algoritmo a ser processado por uma máquina. Grace Hopper inventou o primeiro compilador para uma linguagem de programação. Karen Spärck criou o conceito de IDF, que é usado na maioria dos mecanismos de busca atuais. As mulheres já têm feito a diferença no ramo tecnológico há muito tempo – e isso tem a ver com o amor à ciência, com vontade de mudar o mundo e com a capacidade de pensar à frente do seu tempo.

Ser uma executiva no segmento de tecnologia exige que a gente arregace as mangas e prove o nosso valor diariamente – onde quer que seja. Não podemos fechar os olhos para problemas existentes, como os inúmeros casos de violência contra a mulher, os feminicídios, a polêmica em torno do aborto, os assédios, a discriminação e a própria diferença salarial. E a constatação de que esses temas emergiram mais fortemente nos últimos anos demonstra que, de fato, esses assuntos têm entrado nas pautas de debates. Hoje conseguimos falar abertamente sobre esses problemas – que já não são mais aceitos por boa parte da sociedade.

Podemos comemorar nossas conquistas políticas e sociais. O direito ao voto e à propriedade e a criação da Lei Maria da Penha. Temos ainda muitas iniciativas de empresas do mundo todo em prol da equidade, com mecanismos e políticas de cargos e salários para aumentar a presença das mulheres em cargos de liderança. Essas práticas não servem para criar vantagens ou benefícios exclusivos para as mulheres, mas somente, e tão somente, para oferecer a elas as mesmas oportunidades que os homens têm no ambiente corporativo.

É dessa forma que teremos um mercado justo e igualitário. Que sejamos avaliadas por nossas competências e resultados alcançados e não por rótulos porque somos bonitas, feias, gordas, magras, altas ou baixas. No mercado de trabalho, seja na tecnologia ou em qualquer outro setor, o jogo precisa ser justo e a análise embasada em fatos e resultados. Sem favorecimentos ou critérios sectários.

Simone de Beauvoir, outra mulher à frente do seu tempo, afirmou que “não se nasce mulher, torna-se”. E como tornar-se uma mulher no século XXI? Sendo exatamente o que você quer ser, sem obrigação nenhuma de ser rotulada pelos outros. Podemos chegar lá – e estamos caminhando para isso, eu acredito. E chegaremos lá não por meio do combate aos homens, afinal o que se busca é harmonia e não conflito. Não estamos numa luta de boxe, mas num jogo de xadrez.

* Gabriela Santana é presidente da Tecnobank, uma empresa brasileira de tecnologia para segmentos de negócios, que desenvolve soluções agregadas que geram segurança e agilidade aos processos eletrônicos dos segmentos bancário, financeiro e de veículos.

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