Educação especial e exclusão no Brasil: outra face do negacionismo

(*) Luís Fernando Lopes

Um dos assuntos mais abordados em campanhas políticas, não obstante a visível superficialidade, é a Educação. Neste país marcado pela desigualdade – em parte gerada e mantida pela dificuldade de acesso da maioria da população aos bens culturais – os episódios recentes de falas preconceituosas e arrogantes de um ministro apenas reforçam nosso histórico de negação e sabotagem no campo educacional. Mais uma vez nos deparamos com um discurso de quem atua na contramão do que exige a responsabilidade do cargo que ocupa.

Exclusão e segregação institucional, fases da história da Educação Especial do Brasil que se revelam jamais superadas. A depender da forma como pensam alguns, parece que voltamos para meados do século XIX, quando as pessoas com deficiência eram consideradas incapazes e abandonadas. Precisavam contar com a caridade e chegavam a ser exterminadas em algumas sociedades.

Porém, estamos em 2021. A Constituição Federal (1988), o ECA (1990), a Declaração de Salamanca (1994), as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (2001), a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (2015), PNE e PDE, Leis e Decretos, além de outros documentos, todos são desconsiderados por falas irresponsáveis e preconceituosas que demostram desconhecimento e uma visão reducionista de Educação que pretende apenas padronizar pessoas, negar a diversidade, excluir e oprimir.

Entretanto, para além do desconhecimento sobre o que expõem os documentos mencionados, é preciso salientar o desprezo com o ser humano e o descaso com a Educação no seu todo que algumas falas e atitudes revelam. Ora, o que é a Educação senão um processo de humanização? Qualquer fala, atitude, legislação, projeto educacional que caminhe na contramão dessa consideração acaba por se converter em reducionismo, negacionismo, manipulação para que interesses e privilégios sejam mantidos. Soma-se a isso a necessidade constante de criar cortinas de fumaça para que a incompetência e suas consequências desastrosas não sejam notadas.

Mas por que, não obstante ao absurdo que representam, essas falas ainda fazem eco na sociedade? Por que o preconceito e a exclusão se tornam regra de vida para alguns que invocam, em sua defesa, motivos morais e religiosos? A defesa irrefletida de princípios tecnicistas, utilitaristas, economicistas e pragmatistas baseados em visões reducionistas e preconceituosas está em detrimento, sobretudo, das Ciências Humanas. Infelizmente, esvazia a Educação daquilo que a constitui em sua essência: humanização, sociabilização, empatia, e evolução do ser humano.

(*) Luís Fernando Lopes é mestre e doutor em Educação. Professor da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional UNINTER

Destaque da Semana

Cerclagem uterina: entenda a cirurgia realizada por Eliana, Nadja Haddad e outras grávidas

Especialista destaca os quadros em que o procedimento é...

Maior festival de cerveja artesanal do Paraná ocorre neste fim de semana, com entrada gratuita

Sexta edição do Festival da Cultura Cervejeira do Paraná...

Vidros.com promove evento exclusivo para arquitetos e designers

Na última quarta-feira (13), a Vidros.com organizou um evento...

Riachuelo inaugura loja conceito em Cascavel

Dando sequência ao plano de expansão e de forma...

Artigos Relacionados

Destaque do Editor

Mais artigos do autor