Ao longo dos anos, nosso ouvido vai perdendo a capacidade de ouvir sons com qualidade. Em média, a partir dos 60 anos é que os sinais da perda auditiva se tornam mais evidentes.
Alguns fatores genéticos podem influenciar nessa perda de sensibilidade, mas há algumas causas externas que aceleram essa perda de audição com o passar do tempo, principalmente na terceira idade.
A otorrinolaringologista do Hospital Otorrinos Curitiba Franciane Regina Vargas lembra que há duas principais causas que podem diminuir a audição nos idosos.
“Existe a perda auditiva neurossensorial, que é permanente, e a perda auditiva condutiva, que em muitos casos pode ser reversível. O importante é que o otorrino avalie as possíveis causas dos sintomas e solicite exames para quantificar e qualificar uma eventual perda de percepção auditiva”, alertou a médica.
Causas da perda auditiva nos idosos
Como comentado anteriormente, há duas principais causas de perda auditiva nos idosos: a neurossensorial e a condutiva.
A perda auditiva no ouvido interno (neurossensorial) ocorre quando as fibras nervosas delicadas na orelha interna ficam danificadas. Isso os impede de transmitir o som corretamente. Ela pode ser causada por exposição excessiva ao ruído, mas as causas mais comuns de perda auditiva neurossensorial são os processos naturais do envelhecimento. Essa perda auditiva é permanente.
Já a perda auditiva também pode ser condutiva. Ela é causada por problemas na orelha externa e média, o que pode impedir que os sons passem pelo ouvido interno. A causa mais comum pode ser uma acumulação de cera no canal auditivo, tímpanos perfurados, líquido na orelha média ou ossos danificados ou defeituosos da orelha média (ossículos). Em muitos casos, é reversível.
Perda auditiva e depressão
A falta de tratamento para perda auditiva nos idosos e a depressão podem ter relação. De acordo com Franciane, com o passar dos anos a audição vai sendo ainda mais prejudicada, dificultando também a compreensão da fala.
“Como consequência dessas dificuldades, o idoso acaba se afastando e evitando o convívio social, podendo apresentar sintomas de depressão devido ao isolamento. Há estudos que também relacionam a presbiacusia (diminuição auditiva relacionada ao envelhecimento) não tratada a doenças como o Alzheimer”, comentou a médica.
Preconceito sobre o tratamento
Infelizmente, ainda há preconceito ou até mesmo resistência dos próprios idosos em aceitar algum tipo de tratamento, por isso a família precisa ficar atenta aos primeiros sinais e oferecer apoio durante o processo.
“Ainda há muitos idosos resistentes ao tratamento de perda auditiva com aparelhos auditivos. Mas é importante explicar que com a melhora da audição, o idoso terá a sua independência de volta, pois se sentirá mais seguro ao realizar as atividades do dia a dia quando puder ouvir melhor, inclusive em ouvir os sinais de alerta e defesa (sons de alarmes, buzinas, por exemplo) e entender melhor durante as conversas diárias”, ressaltou a especialista.
Importância do diagnóstico precoce
Assim que forem notados os primeiros sinais de perda auditiva, é importante que os familiares deem apoio ao idoso na procura por tratamento. O mais importante é que o tratamento seja individualizado, quase sempre com abordagem multiprofissional, participando das decisões um fonoaudiólogo e, por vezes, um psicólogo.
“O diagnóstico precoce é importante pois ajuda na prevenção de complicações tardias associadas à perda auditiva como depressão, dificuldade de comunicação, risco aumentado de demência, quedas, aumento do desgaste emocional, entre outros. É importante ressaltar que o tratamento trará mais independência e qualidade de vida ao paciente”, finalizou a otorrino.