Vagner Prussak Vons e Walcir Soares Junior*
Obter, entender, processar, extrair valor, visualizar e se comunicar com dados: apesar da importância da ciência de dados, atualmente simplesmente não há cientistas de dados suficientes para suprir essa demanda. Nas próximas décadas, esse tipo de profissional será cada vez mais necessário para a resolução de problemas complexos, da relação humana com a internet e as redes sociais ao tortuoso caminho que nos ajudará a evitar catástrofes ambientais, por exemplo. Isso deve aumentar a busca por cientistas de dados e, consequentemente, também a remuneração oferecida a eles.
A análise de dados revela informações valiosas por meio de representações gráficas, facilitando a compreensão dos resultados obtidos, e o cientista de dados é essencial nesse processo, permitindo a criação de narrativas e insights enriquecedores, transformando dados em informação. Como, então, garantir que teremos à disposição as mentes tão necessárias nesse processo? Uma solução possível parece vir de um movimento de reposicionamento de carreira. Economistas poderiam, considerando o Código de Ética do Conselho Regional de Economia (Corecon) e as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Ciências Econômicas, assumir posições no campo das ciências de dados.
Acostumados a contribuir com a resolução de questões relacionadas aos números e ao mercado financeiro, economistas podem ser justamente a peça que está faltando para que a ciência de dados consiga entregar tudo aquilo que a sociedade espera dela. Observando os currículos oferecidos pelas 70 principais universidades a contar com o curso de bacharel em Economia e cruzando as informações de habilidades primárias e secundárias, identificamos uma série de semelhanças entre o que está sendo ensinado nessas instituições e o perfil desejável do cientista de dados contemporâneo. As habilidades primárias predominantes nesses cursos estão relacionadas aos conhecimentos gerais em negócios, seguidas de habilidades em inteligência artificial e conhecimentos gerais em computação.
Hoje, economistas são os candidatos ideais para atuar com dados. Sua capacidade analítica é uma vantagem nesse tipo de função e deve se tornar cada vez mais requisitada ao longo dos próximos anos. Manusear softwares especializados e realizar análises preditivas e descritivas preliminares não são problemas para os economistas. E essas habilidades proporcionam insights indispensáveis nesta nova era da vida em sociedade. Assim, essas pessoas podem desempenhar um papel intermediário, investigando novos dados e apoiando a melhoria de modelos existentes. Embora não possuam habilidades avançadas em programação, elas são capazes de analisar dados, criar visualizações personalizadas e tomar decisões de negócios com base nessas análises.
Em um mundo cada vez mais orientado por dados, seu papel se destaca como uma ponte entre o conhecimento econômico e as habilidades analíticas necessárias para lidar com os desafios da era digital. Mesmo que não tenham habilidades avançadas em programação, sua capacidade de extrair significado dos dados, criar visualizações personalizadas e tomar decisões de negócios embasadas em análises sólidas é inestimável.
Ao unir os conhecimentos em economia, negócios e ciência de dados, os economistas podem se tornar agentes de mudança, impulsionando a adoção de estratégias baseadas em dados nas organizações e contribuindo para a resolução de problemas complexos em diversas áreas. Compreendendo a importância do trabalho colaborativo entre profissionais de diferentes campos, eles podem se juntar a governantes, acadêmicos, setor privado, organizações não governamentais e cidadãos, trabalhando em conjunto para impulsionar a transformação e o desenvolvimento sustentável.
*Vagner Prussak Vons é egresso do curso de Ciências Econômicas da Universidade Positivo (UP).
*Walcir Soares Junior (Dabliu), doutor em Desenvolvimento, é professor do curso de Ciências Econômicas na Business School da Universidade Positivo (UP).